São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 1996
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Corpos dos 33 bebês serão exumados

ANDRÉ MUGGIATI
ENVIADO ESPECIAL A BOA VISTA

O promotor Marcos Regenold Fernandes afirmou ontem que deve pedir a exumação dos corpos dos 33 bebês mortos este mês no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazaré, em Boa Vista (RR).
Relatório divulgado pela equipe do Ministério da Saúde, que fez um levantamento nos prontuários dos bebês, apontou que entre 11 e 15 dos bebês morreram devido à infecção.
Fernandes afirmou ontem que entrará, esta semana, com Ação Civil Pública -contra o Estado de Roraima e contra a empresa Lucel- para reparação de danos morais às famílias das vítimas. O promotor não disse de quanto será a indenização pedida.
Os documentos, segundo o promotor, mostram que a ex-diretora do hospital, Odete Domingues, havia alertado a Secretaria da Saúde que a empresa Lucel não estava limpando adequadamente o hospital. "Vou entrar diretamente com a ação, ainda esta semana."
Ação penal
Além da ação de indenização por danos morais, Fernandes entrará com outra, pedindo a suspensão do contrato entre a empresa Lucel -responsável pela limpeza do hospital- e a Secretaria Estadual da Saúde.
O promotor afirmou ainda que entrará, futuramente, com uma ação penal para punir os responsáveis pela morte das crianças. "Antes, entretanto, precisamos aprofundar a investigação para determinar até que ponto cada um é responsável pelo que aconteceu."
Segundo o promotor, os responsáveis deverão responder a processo por homicídio culposo (sem intenção). O secretário da Saúde, Sérgio Pillon, afirmou ontem que "é dever do Ministério Público investigar". "Se eu sou culpado ou não é a Justiça que vai dizer."
O proprietário da empresa Lucel, Manoel Ribas Galvão, afirmou que sua empresa não tem culpa. "Nós sempre cumprimos todas as regras do contrato. A verdadeira culpada por tudo o que aconteceu é a ex-diretora do hospital, Odete Domingues", disse Galvão.
O promotor Fernandes deve solicitar hoje, ao hospital, os prontuários das 33 crianças mortas este mês no berçário do hospital. O promotor pretende investigar também a morte de crianças em outras áreas da maternidade, como o Pronto-Socorro Infantil.
Para ele, é possível que a falta de condições de limpeza tenha levado também outros bebês à morte.

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