São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 1996
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Incêndio em favela mata duas crianças

DA REPORTAGEM LOCAL

Duas crianças morreram ontem à tarde em um incêndio na favela Paraisópolis, no bairro do Morumbi (zona oeste).
Segundo o Corpo de Bombeiros, dez barracos foram completamente destruídos. A favela de Paraisópolis é a segunda maior de São Paulo, segundo a prefeitura.
O fogo começou por volta das 15h30 e durou pouco tempo. O Corpo de Bombeiros, que chegou ao local em dez minutos, não soube informar o que originou o incêndio. A polícia vai realizar uma perícia técnica no local para tentar descobrir as causas.
As duas vítimas são os irmãos Antonio Carlos da Silva, 3, e Ane Kelly Maria da Silva, de 1 ano e 10 meses.
Elas morreram carbonizadas no barraco em que moravam com a mãe, a faxineira Silvania Maria da Silva, 24. No momento do incêndio, as crianças estavam sozinhas dentro do barraco, que estava trancado.
O porteiro Reinaldo Celestino, 26, morador da favela, tentou salvar as crianças.
Ele afirmou que demorou cerca de cinco minutos para arrombar a porta.
Quando conseguiu abrir, o fogo já tomava conta do local, e não foi possível retirar as crianças, que estavam na cama, no fundo do barraco.
"Quando arrombei a porta do barraco com o pé, vi as duas crianças em cima da cama, chorando e gritando pela mãe", disse o porteiro. "Mas não tinha condições de entrar. Se eu entrasse, iria morrer também. Pouco tempo depois o barraco desabou."
Silvania disse que saiu de casa por volta das 15h15. Ela havia ido a uma creche próxima à favela para tirar o registro de nascimento de Antonio Carlos.
Malvina Aparecida Germano de Andrade, 29, foi uma das pessoas que teve seu barraco destruído. Ela perdeu tudo o que tinha, até mesmo os documentos.
Ao perceber o fogo, os vizinhos retiraram os objetos dos barracos incendiados. Pelas vielas da favela, eles amontoaram móveis e eletrodomésticos.
Segundo Alcides Golsfridt Filho, administrador regional do Campo Limpo, pelo menos 39 pessoas ficaram desabrigadas por causa do incêndio. Elas foram encaminhadas para um albergue no Butantã.

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