São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 1996
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Europeus adotam represália aos EUA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os ministros das Relações Exteriores da União Européia decidiram tornar ilegal que o bloco obedeça à lei Helms-Burton.
A lei permite que americanos (inclusive cubanos naturalizados) processem em tribunais dos EUA empresas estrangeiras que invistam em propriedade deles confiscadas pelo regime comunista cubano de Fidel Castro.
A lei da UE (União Européia) vai proibir indivíduos e empresas da Europa de seguir a Helms-Burton, permitindo que eles reclamem eventuais prejuízos em tribunais da União Européia.
Os EUA responderam que não era "apropriado" que a Europa retaliasse a lei Helms-Burton.
"Isso mostra que temos o desejo e a capacidade de defender nossos interesses", disse Leon Brittan, comissário de Comércio da UE.
Diplomatas da UE acreditam que Bill Clinton tenha sancionado a lei por causa da pressão do Congresso em um ano eleitoral e que ele possa revogá-la a partir do próximo ano.
A entrada em vigor da lei está suspensa até janeiro do próximo ano. Ela foi sancionada no começo deste ano.
A lei Helms-Burton causou protestos também de outros blocos -inclusive na América Latina.
Resistência dinamarquesa
As negociações na Europa duraram todo o dia. A Dinamarca se opunha à lei, por temer que a retaliação ferisse sua soberania.
O comissário (espécie de "ministro europeu") para o Comércio, Leon Brittan, disse que a decisão "é histórica porque mostra o desejo e a capacidade de defender nossos interesses".
A principal razão da indignação européia contra a lei Helms-Burton não é política, mas econômica. Apesar de aliados dos americanos, os europeus não querem abrir mão do mercado cubano.
A Comissão Européia (a instância executiva da UE) enviou também uma queixa contra os EUA à Organização Mundial do Comércio. A entidade deve se posicionar em 20 de novembro.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Nicholas Burns, disse que seu país considera que a Helms-Burton pode vigorar em conformidade com as lei internacionais.
Ele disse também que os europeus não demonstram empenho em protestar contra as violações dos direitos humanos em Cuba.
A União Européia precisou criar um mecanismo jurídico complexo para conseguir a adesão da Dinamarca -mas a mudança não influiu no conteúdo da decisão.
A Dinamarca não quer que a UE tenha atribuições legislativas equivalentes à de um país. Há 11 cidadãos dinamarqueses movendo ação contra o governo pelo que consideram perda da soberania nacional após a adesão à UE.

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