São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 1996
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Fracassam negociações sobre Hebron

PATRICK COCKBURN
DO "THE INDEPENDENT", EM JERUSALÉM

As negociações sobre a retirada israelense de Hebron ruíram ontem entre recriminações mútuas e a volta do emissário do presidente Bill Clinton a Washington sem ter obtido um acordo.
Um tratado agora é improvável até as eleições presidenciais americanas, em 5 de novembro.
As diferenças estão centradas naquilo que Israel insiste ser medidas de segurança adicionais para os 400 colonos judeus da cidade, mas no que os palestinos consideram uma tentativa de renegociar o acordo assinado no ano passado que prometia autonomia para mais de 100 mil palestinos.
"O avanço que tivemos demonstra claramente que um acordo sobre a saída de Hebron é possível no futuro muito próximo", disse Dennis Ross, o enviado dos EUA ao Oriente Médio.
Ele admitiu o fracasso a anunciou que retornava aos EUA.
Israel disse que o palestino Iasser Arafat adia o acordo. "Ele acha que Washington está sendo suave com Israel por causa das eleições", disse David Bar-Ilan, porta-voz do premiê Binyamin Netanyahu.
À medida que se aproxima um acordo, os colonos israelenses dentro e em torno de Hebron estão se tornando mais violentos.
Há quatro obstáculos principais para um acordo sobre a retirada israelense de 80% de Hebron, de acordo com Jibril Rajoub, palestino responsável pela segurança na Cisjordânia.
Eles são: a exigência de Israel de ter direito de entrar no encrave autônomo para prender suspeitos palestinos; uma proibição de a polícia palestina carregar rifles próximo a encraves de colonos; o fechamento contínuo de uma das principais ruas da cidade; a não-existência de patrulhas conjuntas na parte de Hebron que continuará com os israelenses.
Depois dos conflitos do final de setembro, em que mais de 70 pessoas morreram, Israel está sob pressão de países árabes, dos EUA e da Europa Ocidental para continuar o processo de paz.
Arafat, que deixou o Oriente Médio ontem para uma visita de quatro dias à Europa, pode querer aproveitar isso para fazer Netanyahu cumprir as outras partes do acordo de Oslo além de Hebron.
Ele conta agora com um potencial aliado. A União Européia nomeou ontem o embaixador da Espanha em Israel, Miguel Angel Morantinos, como enviado do bloco para as negociações.
"Paz na região requer, como primeiro passo, a implementação total dos acordos existentes entre Israel e os palestinos, em especial a retirada de Hebron", disse o comunicado da UE.

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