São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 1996
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Corregedoria liga policiais civis a grupo de extermínio de PMs

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria Geral da Polícia Civil de São Paulo identificou dois policiais civis -um investigador e um delegado- que teriam ligação com o grupo de extermínio formado por quatro PMs da Rota.
Além disso, novas denúncias, na semana passada, aumentaram de três para seis o número de chacinas atribuídas ao grupo.
A quadrilha da Rota foi identificada e presa em maio deste ano. Os PMs foram acusados de participação em três chacinas, uma tentativa de homicídio e três roubos -dois a bancos.
Revelações feitas na última sexta ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e ao ouvidor da Polícia de São Paulo, Benedito Domingos Mariano, pela testemunha-chave do caso (a polícia não autoriza a divulgação do nome) indicam que o grupo teria realizado outras três chacinas, um homicídio e um duplo homicídio ainda não apurados.
Com isso sobem para nove o número crimes contra a vida atribuídos ao grupo: seis chacinas, um homicídio, um duplo homicídio e uma tentativa de homicídio.
Os policiais são acusados de terem matado pelo menos 25 pessoas. Até maio, eram acusados de terem executado 17 pessoas.
Segundo o delegado Wagner Giudice, do DHPP, o elo de ligação entre o grupo de PMs da Rota e os policiais civis seria o policial Carlos Cardoso Lima, preso acusado de extorsão e tráfico de drogas.
Os PMs da Rota acusados são Hellmans Hoffman de Oliveira, o Robocop, Celso Luiz de Paula, Wellington Gonçalves Torquato e José Walter Benevides Moura.
"Aos PMs caberia os assassinatos enquanto aos policiais civis, as extorsões", disse o delegado. "Não descartamos a hipótese de os PMs terem matado algumas pessoas que resistiram à extorsão", disse Benedito Mariano.
A corregedoria não divulgou os nomes dos policiais civis acusados e a delegacia onde trabalham para não interferir nas investigações.
Segundo o delegado da corregedoria, Hélio Narvaez, os dois policiais teriam participado de um caso de extorsão envolvendo R$ 420 mil e três carros importados.
Os policiais teriam extorquido um assaltante de banco para não prendê-lo. "Esses policiais praticavam investigações próprias, não para o Estado, com objetivo de identificar assaltantes de bancos e exigir dinheiro para não prendê-los", afirmou Narvaez.

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