São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 1996 |
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Folclore não deve ser tratado como palavrão
BARBARA GANCIA
Desde 1973 Niomar está envolvida com o Museu do Folclore -caso o leitor não conheça, é aquele instalado no parque Ibirapuera, dentro da abóbada de concreto projetada por Oscar Niemeyer. Ela começou no museu fazendo o curso de especialização em folclore, passou pelo conselho e há três anos alcançou o topo da hierarquia. Edemar, por outro lado, confessa só ter se interessado por arte depois de ter sido eleito presidente da Bienal. E não escondeu, em entrevista recente, ter se candidatado à presidência da prestigiosa fundação para também dar um lustro na imagem. O objetivo foi plenamente alcançado. Empossado, ele transformou a Bienal em uma operação lucrativa, que hoje ostenta na entrada um enorme painel com os nomes de dezenas de patrocinadores, empresas do porte da Coca-Cola e da General Motors. Livros caríssimos, distribuídos de graça para VIPs; festas fartamente servidas e uma infinidade de eventos girando em torno da Bienal, sem contar a proeza de ter trazido ao país artistas como Picasso, Klee e Munch, são alguns dos marcos na busca pelo polimento na biografia do banqueiro. Enquanto isso, Niomar luta para tentar reabrir o Museu do Folclore, fechado sem cerimônia pelo Contru em 1995. Desde que se tornou presidente, ela nunca foi recebida pelo prefeito. Fato curioso, uma vez que a prefeitura é a proprietária do prédio que abriga o museu. E mesmo sem receber remuneração, Niomar continua dando expediente no museu -que antes recebia 3.000 alunos ao mês e hoje está mofando a portas fechadas. Claro, ninguém nega a importância de uma Bienal bem-sucedida para uma cidade como essa. É bom frisar, porém, que folclore não é só dança típica ou artesanato, mas toda e qualquer manifestação cultural espontânea de uma gente. E gente que não se conhece vai fazer o que na Bienal? Texto Anterior: Ingestão de alimento vencido pode causar morte Próximo Texto: Nó na língua; Torcida; Estréia com pé direito Índice |
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