São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 1996
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Vizinhos de incinerador dizem ter problemas respiratórios

Prefeitura admite que o equipamento é ultrapassado

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Levantamento realizado com cem alunos da Escola Estadual Raul Humaitá, no Ipiranga (zona sul), que fica a 20 metros da entrada do incinerador Vergueiro, revelou que 80% dos entrevistados sofrem de problemas de saúde provavelmente relacionados aos gases resultantes da queima do lixo.
As principais reclamações são relacionadas a enjôos, vômitos, dores de cabeça constantes e doenças respiratórias (bronquite, sinusite e rinite).
"Eu nunca tive problema para respirar até mudar de escola. Desde que vim para cá (escola Raul Humaitá), quase toda noite fico com o peito chiando (um dos principais sintomas da bronquite asmática)", diz o estudante José Santos, 9.
O levantamento feito em março deste ano foi coordenado por um morador da região, o médico do trabalho Luiz Carlos Morrone, 51.
Segundo ele, os resultados apontam para uma concentração muito grande de doenças relacionadas a poluição ambiental. "A liberação da dioxina pelo incinerador (poluente maléfico à saúde) é um crime", afirma.
O incinerador Vergueiro, construído em 1967, está obsoleto -não possui filtros adequados e libera gases tóxicos.
Segundo Paulo Gomes Machado, diretor da Limpurb, a prefeitura não tem levantamentos sobre a quantidade nem sobre os tipos de gases que são expelidos pelo incinerador.
Ele admite que o equipamento é obsoleto e que deve ser desativado.
Para o coordenador do laboratório de poluição ambiental da USP (Universidade de São Paulo), Paulo Saldiva, 42, a incidência de doenças respiratórias entre os alunos é alta.
Para comparar, ele informa que de 30% a 50% dos atendimentos em pronto-socorros são motivados por problemas respiratórios -índice abaixo do que foi registrado em alunos da região.
(FS)

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