São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 1996
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Balança não influenciou bônus, diz Franco

LÚCIA MARTINS
DE LONDRES

O diretor da área internacional do Banco Central, Gustavo Franco, negou ontem em Londres que o governo esteja querendo "esconder" o déficit na balança comercial manipulando os números das exportações.
"É absolutamente ridícula a insinuação de que há qualquer forma de manipulação (dos dados) das exportações. Nós já passamos da idade e da época desse tipo de argumentação", disse.
Ele afirmou que não houve relação direta entre a divulgação do déficit com a reação desfavorável do mercado aos US$ 750 milhões de bônus globais do Brasil.
"Essa é uma leitura superficial. Os investidores olham para um quadro abrangente do país porque é um negócio de cinco anos."
Segundo ele, o que influenciou foi o preço dos bônus. "Quando você faz uma venda de um papel com um preço agressivo, é comum ter dificuldades dois ou três dias após o lançamento. É muito fácil vender alguma coisa quando é barata. Mas aí não adianta."
Franco reconheceu que os papéis brasileiros foram lançados em um mau momento pelo governo. Ele responsabilizou o excesso de oferta de papéis de países emergentes pela reação desfavorável.
Segundo Franco, apesar de saber das condições do mercado, não havia como adiar o lançamento porque os acordos já estavam sendo negociados há muito tempo. "Quando você está no meio do processo, você não pode parar."
Por causa da má recepção dos bônus, houve boatos de que Franco estaria deixando o governo. Ontem, ele negou. "Se saí, não fui informado", disse.

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