São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 1996
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Douglas Sirk imita a vida

MURILO GABRIELLI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em entrevista ao "Cahiers du Cinéma", em 1967, o diretor Douglas Sirk dizia que, como na tragédia grega, restringia seus dramas às relações familiares, por sua universalidade.
Este "Imitação da Vida" que a TNT exibe às 10h50 é uma refilmagem, realizada em 1959, de um original da década de 30 -realizado por John M. Stahl.
O cotejo entre as duas versões deixa claro o processo de depuração realizado por Sirk, o lirismo aflorando quando se deixa de lado tudo o que é acessório.
E o fundamental nesse melodrama reside nas turbulentas relações de duas viúvas com suas filhas.
Lana Turner é a atriz que sonega amor à filha (Sandra Dee) na busca de sucesso. O desprezo se converterá em disputa pelo mesmo amante.
Com sua amiga e empregada Juanita Moore ocorre o processo inverso: é a filha com sonhos de grandeza (Susan Kohn) que rejeita a mãe pobre e negra.
O desprezo também marcou a carreira de Sirk. Se obtinha grandes bilheterias com seus filmes, notadamente na década de 50, era tratado pela crítica e pelo público intelectualizado como autor menor.
O reconhecimento tardio talvez seja fruto do mesmo mal que acomete as filhas de "Imitação da Vida": a dificuldade de se reconhecer nas figuras patéticas e mesquinhas que ocupam a tela.

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