São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 1996
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Tropas do Zaire e de Ruanda trocam tiros na fronteira

ONU pede fotos de satélite para localizar 600 mil refugiados

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Soldados do Zaire e de Ruanda trocaram tiros de morteiro e de metralhadora na fronteira entre os dois países, junto à cidade de Bukavu. Uma pessoa morreu.
A informação sobre o confronto foi divulgada depois que a ONU admitiu não ter acesso a 600 mil refugiados hutus no leste do Zaire e pediu ao Ocidente que forneça fotos de satélite para poder identificar onde eles estariam.
A troca de tiros pode representar um aumento das tensões na África Central. Os governos do Zaire e de Ruanda já têm trocado acusações.
Segundo o Zaire, Ruanda está armando e auxiliando os banyamulenges, o povo que está promovendo a ofensiva contra os refugiados.
Banyamulenges são tutsis (etnia minoritária no poder em Ruanda) que estão no Zaire há 200 anos.
O Zaire diz que Ruanda quer que os banyamulenges ataquem os campos de refugiados onde estão membros da etnia rival, os hutus.
Esses hutus fugiram depois que os tutsis tomaram o poder em Ruanda. Eles temiam retaliação do governo ruandês pelo massacre de 1 milhão de tutsis e hutus moderados que tinham promovido antes.
Os hutus no Zaire continuaram promovendo ataques em Ruanda, causando interesse entre os ruandeses pela sua eliminação.
Ruanda, de seu lado, diz que o Zaire provocou a crise ao perseguir os banyamulenges. As autoridades do Zaire consideram os banyamulenges "estrangeiros" e não dão a eles a cidadania zairense.
A recente ofensiva banyamulenge contra as cidades do leste do Zaire e os campos de refugiados foi detonada por uma ordem do vice-governador de Kivu Sul, onde ficam Uvira e Bukavu, para que os banyamulenges deixassem a região, no último dia 7 de outubro.
Após tomarem Uvira, seguiram em direção ao norte e agora estão tentando tomar Bukavu e os campos de Kibumba e Katale.
A comissária da União Européia Emma Bonino disse que 1 milhão de pessoas podem morrer.
O Zaire nomeou governadores militares para Kivu Sul e Kivu Norte, regiões onde ocorrem os combates e a crise de refugiados.

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