São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 1996
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Maluf, o notívago

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O prefeito Paulo Maluf declarou ontem oficialmente qual será o seu lado na eleição para a presidência do Senado: "Eu vou apoiar o Antonio Carlos".
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) é exatamente o candidato que o Palácio do Planalto teme. Mas não tem como se opor. E Maluf sabe disso. Selou um acordo com ACM na madrugada de anteontem para ontem num hotel cinco estrelas de São Paulo.
No saguão do Maksoud Plaza, Maluf disse a ACM que vai ajudá-lo a conquistar votos para a presidência do Senado.
O votos não virão só da minguada bancada de cinco senadores do PPB. "Você sabe que eu me dou muito bem com muitas delas", disse o loquaz prefeito paulistano.
A esta altura, o presidente Fernando Henrique Cardoso deve estar com muitas pulgas atrás da orelha. O encontro noturno de Maluf com ACM teve também a presença de Luís Eduardo Magalhães, presidente da Câmara e "darling-mor" de FHC na empreitada para conseguir a reeleição.
Maluf está jogando com o tempo e com os possíveis obstáculos que possam aparecer no caminho da reeleição. Não dá declarações a respeito. Apenas alinhava alianças para um futuro próximo.
Sobre a instalação da comissão especial da reeleição, ontem, na Câmara, o prefeito nada disse.
A respeito de ACM dizer hoje ser a favor da reeleição, Maluf responde com uma frase que parece até um desejo cronológico: "Esse é um problema lá para março, abril, maio...". Na esperança de que o assunto se arraste pelo governo FHC como se fosse um cadáver insepulto.
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Jorge Bornhausen chega ao Brasil em novembro. Aumenta a pressão para que reassuma a presidência do PFL (ele hoje é embaixador em Portugal).
Já há uma saída alternativa arquitetada. Bornhausen pediria licença do seu cargo em Lisboa de dezembro a fevereiro, quando estará pegando fogo a reeleição no Congresso.

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