São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 1996
Próximo Texto | Índice

Tentativa de fuga deixa 5 mortos em SP

RICARDO FELTRIN
MARCELO GODOY

RICARDO FELTRIN; MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Cinco presos tentam fugir em caminhão de lixo, atropelam e matam funcionário e provocam rebelião

Uma tentativa de fuga na Casa de Detenção em São Paulo ontem deixou cinco mortos -quatro presos e um agente penitenciário.
Pelo menos seis funcionários e um preso ficaram feridos. A tentativa de fuga aconteceu por volta das 12h.
Um caminhão com três funcionários de uma companhia de limpeza recolhia lixo dentro da penitenciária quando cinco presos do pavilhão 2 tomaram o caminhão.
A direção do presídio não soube informar como esses presos chegaram ao pátio. Normalmente os presos não podem ter acesso a esse local.
Segundo a polícia, eles estariam armados com dois revólveres. A polícia informou que uma das armas foi apreendida e que a outra estaria ainda no pavilhão 2.
A informação foi negada pelo motorista do caminhão, Bernabé Miller, em depoimento no 9º DP. Segundo ele, os presos tinham apenas estiletes.
Os detentos fizeram um sargento como refém. Ele foi libertado minutos depois. Em seguida, conseguiram atravessar o primeiro portão, que foi aberto por funcionários da Casa de Detenção, que os confundiram com trabalhadores.
Atropelamento
O segundo portão foi arrombado com o veículo. No terceiro, um agente penitenciário, João de Deus Menezes, percebeu que era uma fuga e se recusou a abrir o portão.
Os presos atiraram em sua direção, mas não o atingiram. Em seguida, ele foi atropelado pelo caminhão. Sua perna esquerda foi decepada pela roda. Menezes morreu na hora.
O portão foi arrombado e ainda caiu sobre outros dois funcionários, que ficaram feridos, foram enviados para hospitais da região e liberados ontem mesmo.
No caminhão, os cinco presos chegaram até o portão que dá acesso à avenida Cruzeiro do Sul.
Segundo donos de bares próximos ao local, um grupo de policiais passava pelo local no momento da fuga. Até o fechamento desta edição, não havia informações sobre a origem dos policiais que impediram a fuga -se eram militares, civis ou, ainda, se eram agentes penitenciários armados.
Eles dispararam contra o caminhão. Quatro presos foram atingidos e acabaram morrendo.
Rebelião e reféns
Frustrada a fuga, cerca de 670 presos do pavilhão 2 iniciaram um motim. Eles tomaram 27 funcionários como reféns.
Uma comissão da Secretaria de Administração Penitenciária e do presídio passaram a negociar a libertação dos reféns.
Entre as condições para isso, dez presos exigiam ser transferidos para a Penitenciária de Araraquara (282 km a noroeste de SP).
Apenas um refém havia sido libertado até as 20h. Foi chamado reforço policial. Ambulâncias, bombeiros, membros da tropa de choque e da cavalaria da PM chegaram a entrar no presídio.
A maioria dos policiais estava armada com espingardas calibre 12, metralhadoras e fuzis.

LEIA MAIS sobre a tentativa de fuga seguida de rebelião na pág. 3

Próximo Texto: Como foi a tentativa de fuga
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.