São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 1996
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Impasse suspende negociação com rebeldes

MARCELO GODOY; RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Administração Penitenciária, João Benedicto de Azevedo Marques, endureceu ontem à noite as negociações com os presos rebelados no pavilhão 2 da Casa de Detenção. A tropa de choque permanecia de prontidão no presídio durante a madrugada.
As negociações chegaram a um impasse por causa da insistência dos presos em manter os reféns durante a transferência para a penitenciária de Araraquara. "Os reféns não saem daqui de jeito nenhum", afirmou o secretário.
Primeiro, os presos quiseram levar três reféns e um celular durante a transferência para Araraquara. A proposta não foi aceita.
Em seguida, propuseram manter os reféns na Casa de Detenção enquanto durasse o deslocamento dos presos. Essa exigência dos presos também foi recusada.
Então, os detentos pediram a presença de jornalistas a fim de que eles testemunhassem que o estado físico deles e dos reféns era bom. Isso acabou não acontecendo.
A Secretaria da Administração Penitenciária, dois deputados estaduais e o juiz-corregedor deram garantias aos presos de que, se eles se entregassem e libertassem os reféns, nada aconteceria
"Nós concordamos com a transferência dos presos", disse o secretário. Como o acordo não foi fechado antes do anoitecer, a negociação foi interrompida e só deveria ser reiniciada hoje, às 7h.
Reféns
Segundo o diretor da Coesp (Coordenadoria de Estabelecimentos Penitenciários), Lourival Gomes, a segurança dos reféns foi garantida pelos presos. "Nós fizemos um acordo. Eles são responsáveis pela segurança dos reféns, e nós somos responsáveis pela segurança deles", disse Gomes.
Segundo ele, o total de presos rebelados não passa de dez. "Durante todo o tempo da negociação, eu só vi um detento armado. Ele estava com um estilete", disse.
Gomes afirmou que a tropa de choque está à disposição da secretaria e que, se a situação continuasse calma, não deveria entrar no presídio. "Isso só acontecerá se houver necessidade, se a vida dos reféns correr risco", disse.
Mais de cem PMs estavam cercando o presídio. Os policiais ocupavam as ruas próximas, a muralha e o pátio externo da Detenção. Eles estavam com metralhadoras, fuzis, escopetas e revólveres.
Os policiais eram da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), do Comando de Operações Especiais, do Grupo de Ações Táticas Especiais, da cavalaria e do batalhão de guardas.
(MARCELO GODOY e RICARDO FELTRIN)

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