São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 1996
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Famílias de presos entram em pânico

Mulheres de detentos temiam novo massacre

DA REPORTAGEM LOCAL

Familiares de presos aglomeraram-se em frente à entrada principal da Casa de Detenção (zona norte da cidade) durante toda a tarde e início da noite de ontem.
Desesperados, mulheres e filhos de presos choravam e tentavam obter informações sobre a rebelião no pavilhão 2.
Houve também um princípio de motim no pavilhão 7, que foi controlado pela polícia.
Até as 20h, a direção do presídio não havia divulgado o nome dos mortos e feridos -com exceção do agente penitenciário João de Deus Menezes, morto na tentativa de fuga de cinco presos.
"Meu marido escapou do massacre no pavilhão 9, há quatro anos. Agora não sei se ele vai escapar", dizia Rosa (não revelou o sobrenome) em prantos.
Segundo ela, seu marido, José, está preso há sete anos e meio. Rosa recusou-se a dizer o sobrenome de José ou o motivo de ele estar preso.
"Olha aí, estão entrando, vão matar todo mundo de novo", gritava Natália, 24, enquanto policiais da tropa de choque entravam pelo portão principal da Casa de Detenção.
Natália -que também não quis revelar seu sobrenome- é mulher de Edson, 28, preso no pavilhão 2.
Natália afirmou ter dado a luz a um filho em abril.
"O pavilhão 2 não tem bandidos perigosos. Todo mundo lá é trabalhador. O Edson trabalha na alfaiataria. Ele ajuda a fazer roupas para os outros presos", afirmou Natália.
A dona-de-casa Teuci Pilotti, 36, também dizia estar desesperada com a falta de informações sobre a situação nos demais pavilhões. Ela fora levar alimentos e refrigerantes para seu cunhado, Eduardo, 42, preso no pavilhão 4, condenado por roubo.

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