São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 1996
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SP se desfaz do técnico do tetra

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Carlos Alberto Parreira deixou seu primeiro emprego no Brasil após a conquista do tetra.
O anúncio de sua saída do São Paulo foi feito por meio de um texto distribuído às 14h, após reunião entre ele e o diretor de futebol, Júlio Brisola, e redigido pela manhã. A versão oficial é que a pressão de torcedores e jornalistas tornaram impossível que ele ficasse.
Durante todo o dia, Parreira negou-se a falar aos jornalistas. À tarde, despediu-se dos jogadores e permitiu ser fotografado.
O treinador ficou exatos cem dias no São Paulo. Colecionou seis vitórias, seis empates e sete derrotas. Saiu quando sua equipe está em 17º lugar no Brasileiro.
Este é o terceiro técnico que deixa o comando do São Paulo neste ano e o segundo fracasso do treinador após dirigir a seleção brasileira na conquista do tetracampeonato mundial, nos EUA, em 17 de julho de 1994.
Nestes dois anos e 107 dias, Parreira trabalhou no Valencia, da Espanha, que afundou na temporada 94/95, no Fenerbahce, da Turquia, pelo qual sagrou-se campeão turco (95/96), e no São Paulo.
Em todas as passagens, esteve acompanhado pelo preparador físico Moraci Sant'anna, que também trabalhou na conquista da Copa dos EUA.
A dupla desfaz-se agora. Sant'anna vai continuar no São Paulo. Parreira pode ir para o futebol do Rio, Flamengo ou Fluminense.
Bastidores
A saída de Parreira foi definida anteontem. Gastou-se um dia discutindo os termos do "divórcio". Parreira não quis pedir demissão. Os diretores do São Paulo não quiseram demiti-lo.
Por isso, o comunicado oficial fala em "decisão conjunta".
Evidências de que a decisão foi tomada anteontem são as declarações de diretores. "Temos que encontrar uma saída honrosa para o Parreira", dissera Briola no final da tarde de terça, no Morumbi.
"Ele não tinha mais ambiente para trabalhar no clube", acrescentou o diretor-adjunto Herman Koester, ontem de manhã, horas antes do anúncio da saída.
Os jogadores
O clube negou que houvesse problemas entre os jogadores e Parreira. Mas fatos contrariam a versão.
O treino da manhã foi animado, apesar da crise. Jogadores como Muller e André, quando lhes foi perguntado se queriam que Parreira ficasse, disseram que a questão era "administrativa."
À tarde, após o anúncio, a reação dos jogadores foi diferente.
O goleiro Rogério e o meia Fábio Mello fizeram vários elogios ao treinador. André, que chegou a ser punido por criticá-lo, foi mais comedido, e Muller negou-se a responder a qualquer pergunta.

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