São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 1996
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Governo chinês desestrutura o movimento pró-democracia

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Com a condenação de Wang Dan, o governo chinês completa a lista de tarefas arquitetadas na tentativa de eliminar o pequeno movimento pró-democracia.
O presidente Jiang Zemin busca, ao intensificar a repressão, apagar focos de contestação e ganhar pontos junto aos setores mais ortodoxos do Partido Comunista.
A ofensiva ganhou brilho no fim de 1995. Wei Jingsheng, candidato ao Prêmio Nobel da Paz, foi condenado a 14 anos de prisão, após ter amargado 16 anos em celas e campos de trabalhos forçados.
Em outubro, o ativista Liu Xiaobo foi enviado a um campo de trabalhos forçados, onde deve ficar três anos. Liu e o dissidente Wang Xizhe divulgaram carta pedindo o impeachment de Jiang Zemin.
Após a prisão de Liu, Wang Xizhe conseguiu fugir para Hong Kong. De lá, foi para os EUA.
O governo chinês desestruturou o movimento pró-democracia. Os principais líderes estão na cadeia ou no exílio. Jiang Zemin patrocina a "caça às bruxas" para não deixar focos de contestação para o período pós-Deng Xiaoping.
Arquiteto das reformas pró-capitalismo que buscam manter os Comunistas no poder, Deng, 92, não é visto em público desde 1994.
Ele escolheu Jiang como seu sucessor, mas o atual presidente teme desafios que possam surgir após a morte do padrinho político.
Jiang Zemin endurece no plano político também para ampliar apoio de líderes partidários e militares. Esses "mandarins" acham que a liberalização da economia pode se refletir na política e levar à queda do Partido Comunista.
A condenação de Wang Dan também mostra limites da influência ocidental. O julgamento ocorreu pouco antes de uma visita de Warren Christopher, secretário de Estado dos EUA, ao país.
A Casa Branca pressiona a China para que caminhe rumo à democracia. Esse item representa um dos principais pontos de atrito entre Pequim e Washington.
(JS)

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