São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996
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TV e tragédia

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram guerras e grandes tragédias, como a queda de um avião, que mostraram ser necessária a CNN. Não fosse a guerra do Golfo e talvez nem estivesse mais no ar.
Ontem, horas depois do acidente, lá estava a CNN, com correspondente no local, imagens exclusivas.
As duas TVs brasileiras que surgiram nas últimas semanas, à imagem da CNN, Globo News e Canal 21, mostraram o exato contrário.
Não foi diferente a Globo News, que colou na cobertura da Globo, com diferença restrita aos comerciais.
No dia em que a CNN apresentaria o seu diferencial, mostraria a que veio, as duas emissoras se revelaram empreendimentos artificiais, vazios e frustrantes como uma idéia fora de lugar.
*
Entre as cadeias regulares, por outro lado, a mesma Globo apresentou qualidades novas, que eram mais esperadas do canal de notícias. Uma delas, a mais visível, foi a opção por esquecer o "padrão", em favor da urgência.
Entrou com as primeiras imagens do local sem edição, o que acresceu intensidade emocional. Entrou também com a lista de passageiros assim que ela chegou, sem importar que estivesse incompleta ou mal digitada.
No comando, o melhor âncora para situações extremas, Carlos Nascimento.
Como contraponto, anote-se o mundo cão de corpos dilacerados da cristã Record.
*
Os políticos aprenderam com as desastrosas experiências recentes.
Desta vez, nem Paulo Maluf nem Luiza Erundina apareceram no local da tragédia. Melhor ainda, derrubaram as próprias presenças publicitárias da televisão.

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