São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996
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Pai do piloto sonhou com acidente

DA FOLHA SUDESTE; DA REPORTAGEM LOCAL

José dos Santos Moreno, pai do comandante que pilotava o Fokker-100 da TAM, disse ontem que sonhou com a queda de um avião na noite anterior.
Vice-prefeito de Mogi Mirim (SP) e candidato a prefeito derrotado nas últimas eleições pelo PTB, ele completou 56 anos ontem.
Além de José Antonio, 35, ele já tinha perdido outro filho havia 40 dias. João Luiz Moreno morreu em 22 de setembro, vítima de câncer.
A família do comandante descarta a hipótese de falha humana. "Ele era muito dedicado, por isso todos aqui acreditam que houve falha mecânica", disse Alonso Moreno, tio do piloto.
O prefeito Jamil Bacar decretou luto oficial de três dias na cidade.
O comandante Moreno era também instrutor de vôo. Ele pilotava aviões desde os 18 anos e já acumulava 9.000 horas de vôo, 3.000 só em aviões Fokker-100, mesmo modelo que caiu ontem. Trabalhava na TAM havia 12 anos.
Filha de dois anos
O piloto era casado com Mariangela Moreno e tinha uma filha de dois anos, chamada Brenda. Moreno morava no bairro da Mooca, na região leste de São Paulo.
O pai do piloto, que é conhecido como Mogiano, estava em seu sítio na tarde de ontem vendo o noticiário sobre o acidente pela televisão.
"Por que tinha de ser ele, meu Deus? É muito sofrimento para um pai. Perdi dois filhos, e agora?", disse Mogiano ao prefeito Bacar.
A mãe do piloto, Orcinda Tereza Davoli Moreno, foi levada à Santa Casa de Mogi Mirim logo que soube do acidente. Segundo os médicos, ela estava com a pressão alta.
Moreno se matriculou no aeroclube em 10 de março de 78 para aprender a pilotar aviões. Na ocasião, segundo seu primeiro instrutor, Carlos Alberto Lopes, já se destacava entre os demais.
No aeroclube de Mogi Mirim, Moreno pilotou um aviões Cherokee, Cessna 172 e Sêneca. Entre 80 e 82 o piloto, já formado, foi instrutor no mesmo aeroclube.
O co-piloto Ricardo Luís Gomes Martins, 28, que morreu no acidente, será enterrado hoje em Rio Claro (175 km a noroeste de SP).
Assalto
A aeromoça Flavia Fusetti, que morreu no acidente, havia presenciado um episódio dramático, dentro de um avião, há seis meses.
Fusetti estava em um avião da TAM que ia de Salvador para São Paulo com escala em São José dos Campos.
Durante a escala, dois passageiros renderam a tripulação, pegaram um malote da Brink's com R$ 5 milhões e fugiram, num dos maiores assaltos já realizados no país.

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