São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996
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Família espera indenização da TAM há mais de seis anos

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

Seis anos e oito meses após o acidente, a família da engenheira Gisele Marie Savi Pinto e de Guilherme Savi Pinto ainda tenta na Justiça responsabilizar a TAM pelas suas mortes no acidente com um Fokker-27.500, em Bauru, em 12 de fevereiro de 90.
O caso já está no STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília, esperando sentença. Isso deve ocorrer no primeiro semestre de 97. Num primeiro julgamento, em 19 de agosto de 91, no Fórum de Bauru, o juiz da 2ª Vara Cível, Thadeu Toledo Soares, condenou a TAM a pagar indenização.
A TAM recorreu da sentença no 1º Tribunal de Alçada Cível, em São Paulo, que mudou a decisão, exigindo que a família provasse a culpa da empresa nas mortes de Gisele, então com 29 anos, e de seu filho Guilherme, 4.
O advogado José do Carmo Seixas Pinto Neto, 43, viúvo de Gisele, disse que considerou "absurda" a exigência do tribunal e recorreu ao STJ.
"Não há o que provar. O fato em si condena a TAM. Minha mulher e meu filho não estavam no avião. Eles foram vitimados em terra, pois o Fokker se chocou contra o carro em que estavam."
Pinto Neto disse que não está preocupado com a "indenização financeira", cujo valor não soube avaliar. "O que queremos é provar que a TAM é um esmero em serviço de bordo, mas uma displicência em manutenção de seus aviões e treinamento da equipe."
O acidente aconteceu quando o Fokker prefixo PT-LCG, que fazia a rota São Paulo-Cuiabá, tentou fazer uma aterrissagem às 9h25.
O avião tinha 35 passageiros e três tripulantes. A perícia constatou erro na aterrissagem. O avião tocou a pista fora do ponto certo.
O comandante Paulo Sérgio Espósito e o co-piloto Minoru Kawakubo tentaram corrigir o erro arremetendo o avião (uma redecolagem), mas os motores não tiveram força para isso.
O aeroporto de Bauru fica em uma área densamente povoada. O Fokker passou sobre casas existentes no final da pista. Os trens de pouso atingiram telhados.
Os pilotos desviaram o avião para um terreno vazio. Ele caiu de barriga no terreno e se arrastou por cerca de 100 metros.
Gisele e Guilherme passavam de carro pela rua João Poleti nesse exato momento. O carro foi esmagado contra um muro.
Espósito ficou preso na cabine e morreu uma semana mais tarde.
Os passageiros e demais tripulantes sobreviveram. A perícia do Ministério da Aeronáutica constatou que a aterrissagem foi feita por Kawakubo, que estava em treinamento na época. A Agência Folha tentou ontem ouvir setor jurídico da TAM sobre o caso, mas o telefone não respondia.

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