São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996
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Tempo de sobra

JUCA KFOURI

Entre tantos mistérios inexplicáveis na vida, os sonhos ocupam um espaço especial e fazem a delícia dos psicanalistas, que se ocupam em tratar de explicá-los.
Pois tive um sonho de quarta para quinta-feira rigorosamente estranho, sem sentido.
Sonhei que procurava Carlos Alberto Parreira para entrevistá-lo em meu programa de TV na CNT, ele que acabara de sair do Morumbi fazendo críticas -boa parte delas justas- ao trabalho da imprensa. Na verdade, aliás, Parreira está pagando, dois anos depois, pelo sucesso de ter levado a seleção ao tetra nos EUA com um modelo de futebol mal aceito por aqui, conforme o Datafolha já demonstrou.
Voltando ao sonho, alguém me informava que Parreira tinha viajado para o Rio. Em seguida, eu ouvia, ainda dormindo, que um avião da ponte aérea havia caído.
Acordei ontem com uma sensação estranha, sem conseguir interpretar sonho tão inusitado.
Logo depois, recebi uma ligação da produção do programa dando conta do acidente com o vôo do TAM. Antes mesmo que perguntasse sobre a lista de passageiros, o jornalista Fernando Silva se antecipou informando que não havia ninguém famoso a bordo.
Nem bem passados 10 minutos, recebo outra ligação, desta vez de meu filho André, repórter da ESPN Brasil, que além de lamentar a perda de um colega de escola no acidente, diz que acabara de receber um telefonema de Parreira, que estava atrás de mim porque soube que o pessoal da produção da TV o procurara.
Não consegui afastar a sensação ainda maior de estranheza, tantas eram as coincidências, e agradeci por Parreira. Afinal, não há como comparar as situações.
Parreira apenas foi vítima de um processo que está levando o São Paulo a ficar cada vez mais parecido com outros clubes, incapaz de resistir às pressões da imprensa e da torcida, mesmo quando, como no caso, esta é pouco presente aos estádios.
Felizmente, no entanto, ele terá todo tempo do mundo para mostrar, em novos projetos, o tamanho do equívoco tricolor. Porque tempo foi exatamente o que não lhe deram para realizar o trabalho a que se propunha.
E ontem à noite, enfim e com alívio, estava confirmada a participação de Parreira, como um de meus entrevistados, na TV, junto com o coronel Franco Ferreira, especialista em aviação.

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