São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996
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Fernanda Young busca a identificação

MARIANE MORISAWA
DA REDAÇÃO

A escritora Fernanda Young, 26, nascida em Niterói e morando em São Paulo há dois anos, lança seu primeiro livro, "Vergonha dos Pés", sobre a universitária Ana.
O romance está calcado nas dúvidas que atormentam os seres humanos do final do século. "O que eu transcrevo é o nosso universo, o meu, o seu, de pessoas que, de certa forma, passaram pelas mesmas coisas, por mais que vivam em lugares diferentes", ela diz.
Não à toa, foi roteirista por um ano da "Comédia da Vida Privada". Não tem nenhum preconceito quanto ao meio: "Eu adoro escrever para a televisão. Ainda hei de escrever uma novela das oito. Tenho a história todinha e vai ser um sucesso, vai ser daquelas de parar o Brasil. Só falta o convite".
Incomodada com a visão "folclórica" que acredita existir na literatura latino-americana, pretende fazer livros que reflitam os sentimentos do homem ocidental. Leia a seguir trechos da entrevista que a romancista deu à Folha.
*
Folha - Como você descreveria a Ana?
Fernanda Young - Eu acho que ela é uma pessoa que está viva, ela é totalmente possível. E é isso que é interessante, porque as pessoas ou se identificam ou identificam alguém. E ela é um pouco confusa. Como todo mundo, está passando por um momento de indecisão.
Folha - Esse livro tem algo de autobiográfico?
Young - Não. Mas eu acho que é inevitável que o autor escreva sobre coisas que conhece.
Folha - Você começou a escrever cedo. O que você escrevia?
Young - Eu escrevia muito. Era super fervorosa, achava que salvaria o mundo. Acho engraçadíssimo, porque tenho um livro de ensaios que escrevi com 19 anos.
Você já tem outros livros prontos?
Young - Sim, inclusive eu tenho um outro livro que já fechei com a editora Objetiva. A princípio ele se chama "Asas". É mais exagerado, mas totalmente possível, sobre uma moça solitária, filha de um casal de judeus velhos.
Quando seu pai morre, ela se depara com a realidade de ter grana pra caramba. E ela entra numa de ser top model, só que ela não tem a menor condição física. E nisso vai a trama da conquista desse sonho, que na verdade é a conquista de um fotógrafo. Ela passa uns três anos até conseguir sua intenção, que é uma vingança de amor.
Folha - Além desse, você tem mais um livro pronto.
Young - E estou escrevendo um agora. Eu escrevo um atrás do outro. É compulsivo.
Folha - "Vergonha dos Pés" parece muito cinematográfico. Você tem planos de escrever para cinema?
Young - Acabei de escrever um curta, que está em fase de pré-produção, e tenho várias idéias. Acho que a minha literatura se presta a isso. Tenho agilidade de diálogo.
Folha - Você se preocupa em entreter?
Young - Com certeza. Eu acho que a arte pode ser fácil. Porque é uma delícia pegar um livro que você mate numa noite.

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