São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996
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Rasi faz ficção política em 'A Dama do Cerrado'

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O dramaturgo Mauro Rasi deixa de lado a mãe, o pai, as tias e estréia amanhã no Rio sua primeira peça sem referências autobiográficas.
"A Dama do Cerrado", com Suzana Vieira e Otávio Augusto no elenco, é uma ficção política com muitas fofocas e "intrigas palacianas".
"É meu 'Pulp Fiction', mas com toques de Sidney Sheldon. Quando vejo a peça me lembro daquelas minisséries americanas em cinco capítulos que a TV exibe nas férias de verão", conta o autor, que também dirige a montagem.
Em "A Dama do Cerrado", Rasi conta a história de uma "amante do poder" às vésperas da posse de Tancredo Neves.
Ivana e Rosane
Leda Florim (papel de Suzana Vieira) é uma ex-miss Goiás que passou os últimos 20 anos dormindo com poderosos de Brasília.
Seu amante, um senador do Norte, a abandona em troca de um cargo como superministro do novo governo.
"Ela é uma mistura de Ivana Trump e Rosane Collor, com alguns toques de Thereza Collor", explica Rasi.
Para ajudá-la na vingança, Leda Florim procura um antigo amigo -Fúlvio (Otávio Augusto), um decadente cabeleireiro da cidade-satélite de Sobradinho.
O amigo, a quem abandonara depois de se aproximar do poder, também vive uma situação delicada: está em crise com seu namorado, um dragão da Independência (soldado do corpo de guarda presidencial).
Aos ingredientes Sidney Sheldon, Mauro Rasi diz somar pequenas pitadas de um estilo Gore Vidal de fazer intrigas.
Assim, surgem pequenas histórias contadas na peça.
Numa delas, Leda Florim fala de um vôo fretado que levou jornalistas e políticos para um comício durante a campanha das diretas. De acordo com a personagem, "teve até strip-tease dentro do avião, teve uma jornalista que foi leiloada".
Outras citações de Leda Florim: "a Yolanda paga apartamento pros rapazinhos", "com o japonês da Petrobrás eu só saí três vezes" e "a Roseane é a rainha do barraco".
"Não vou contar nada que as pessoas já não tenham ouvido alguma vez", diz Rasi, sem se preocupar com possíveis polêmicas.
Segredos de Brasília
"Acho que pode dar alguma confusão, mas é inegável que há um fascínio em se falar nessas coisas um pouco secretas de Brasília", afirma a atriz Suzana Vieira, que atua pela primeira vez numa peça de Mauro Rasi.
"Brasília é uma cidade estranha e o que Mauro discute é como se comportam as pessoas alijadas do poder", diz Otávio Augusto.
Para produzir "A Dama do Cerrado", Rasi gastou cerca de R$ 300 mil.
"Não gosto de coisas pobres. Para fazer, tenho que fazer bem feito", diz o autor-diretor.
No elenco de "A Dama do Cerrado" estão ainda Beatriz Lyra, no papel da mulher do senador, e Luciano Malmann, como o namorado do cabeleireiro Fúlvio.
O cenário, reproduzindo um salão de beleza dos anos 70, é de Gringo Cardia. A iluminação é de Maneco Quinderé.
A peça fica em cartaz na Sala Marília Pêra do Teatro do Leblon (zona sul do Rio).

Peça:A Dama do Cerrado, de Mauro Rasi
Direção:Mauro Rasi
Com:Suzana Vieira, Otávio Augusto, Beatriz Lyra e Luciano Malmann
Onde:sala Marília Pêra do teatro Leblon (r. Conde de Bernadotte, 26, loja 104, tel.: 021/294-0347)
Quando:estréia hoje. De quinta a sábado, às 21h, domingos, às 20h
Quanto:R$ 20,00 (quinta), R$ 25,00 (sexta e domingo), R$ 30 (sábado)

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