São Paulo, sábado, 2 de novembro de 1996
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Empresa tem US$ 429 milhões para indenizações

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A TAM tem seguros da ordem de US$ 429 milhões para indenizar as vítimas do acidente com o vôo 402, que matou 102 pessoas e destruiu imóveis e carros em São Paulo.
Segundo a Folha apurou, a cobertura da apólice, contratada pela empresa há cerca de um mês junto à Unibanco Seguros, é de US$ 29 milhões contra danos na aeronave e de US$ 400 milhões contra os danos materiais e pessoais de terceiros (passageiros, tripulantes e vítimas terrestres).
"O valor é algo próximo a isso (US$ 429 milhões). Será mais que suficiente para cobrir quaisquer prejuízos com o acidente", disse José Rudge, presidente da Unibanco Seguros.
As indenizações vão ser feitas conforme a idade e a renda de cada pessoa morta. Normalmente, os valores são calculados multiplicando-se os rendimentos anuais da vítima por suas expectativa de vida útil. Prejuízos materiais estão cobertos em sua totalidade.
Caixa
O presidente da Unibanco Seguros afirma que o sinistro (acidente previsto pelo seguro) não irá afetar o caixa da seguradora, pois o risco foi repassado em grande parte para resseguradoras no exterior. Resseguradoras são empresas que compram das seguradoras parte das apólices mais expressivas, como a da TAM.
No país, todo seguro de vulto é repassado para o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), que redistribui as coberturas para empresas locais e no exterior. Assim, dilui-se o impacto dos grandes acidentes nas empresas de seguro.
Não há previsão para a indenização das famílias das vítimas fatais.
Primeiro, as seguradoras nacionais e internacionais envolvidas na apólice vão exigir o laudo final sobre as causas do acidente. Esse relatório pode demorar 90 dias para ser concluído.
Acordo
O IRB irá propor acordo extrajudicial às famílias das pessoas que perderam a vida no acidente, disse Francisco Aldenor Andrade, superintendente de operações internacionais da autarquia.
"As indenizações por meio judicial podem levar anos. Vamos tentar a via do acordo para abreviar a situação", afirmou Andrade.
Não se tem idéia do prejuízo total que o acidente irá causar ao mercado segurador. Como muitas das vítimas eram bem remuneradas -havia dezenas de executivos e empresários no vôo-, as indenizações não serão pequenas. Algumas das vítimas ganhavam de R$ 500 mil a R$ 1 milhão por ano, estimam corretores de seguros.
Se os familiares dos mortos aceitarem acordos extrajudiciais, as indenizações totais poderão ser menores que num cenário mais pessimista (desfecho nos tribunais), avaliou um corretor.
O maior prejuízo já ocorrido no mercado brasileiro, segundo o IRB, foi de US$ 320 milhões. A causa foi a explosão de uma plataforma de petróleo da Petrobrás, nos anos 80.

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