São Paulo, sábado, 2 de novembro de 1996
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Petróleo deve pressionar a balança comercial

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O crescimento do consumo em ritmo superior ao da produção e a limitação de refino da Petrobrás vão elevar as compras de petróleo, agravando o déficit comercial.
Essas importações deverão ficar entre US$ 5,5 bilhões e US$ 6 bilhões neste ano, após terem atingido US$ 4,6 bilhões em 95. Na pior hipótese, a alta seria de 30%.
A estimativa é do Ministério de Minas e Energia, com base no Plano de Importação da Petrobrás.
Até setembro, as importações já alcançaram US$ 4,8 bilhões, segundo o Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo.
O aumento acelerado do consumo surpreendeu a própria Petrobrás. A alta de 18% do consumo de gasolina entre outubro de 95 e setembro de 96, por exemplo, obrigou a Petrobrás a gastar, só no primeiro semestre, US$ 52,5 milhões acima de suas previsões.
Segundo a projeção original, as importações seriam de 500 mil m3 no primeiro semestre. Chegaram a 800,6 mil m3.
Houve erro ainda maior nas previsões para o óleo diesel. A Petrobrás previa importação de 1,5 milhão de m3 no primeiro semestre. O volume acabou atingido 2,185 milhões de m3.
A Petrobrás também teve despesa adicional de US$ 24,3 milhões com a importação de querosene, de US$ 27,1 milhões com condensados e US$ 30,2 milhões em MTBE (metil-tércio-butil-éter).
O MTBE é um produto que substitui o álcool anidro, cuja mistura é obrigatória na gasolina.
A área econômica e o MICT foram pegos de surpresa pelo crescimento dessas importações, que foram responsáveis por quase um terço do déficit comercial em setembro (US$ 655 milhões).
O ministro Raimundo Brito (Minas e Energia) diz a interlocutores que não há como proibir a população pobre de andar de automóvel.
Ele se refere ao fato de que parte da população voltou ao mercado consumidor ao retirar da garagem veículos velhos e de elevado consumo de combustível após o Real.
A Petrobrás diz que o ocorrido em setembro não se repetirá. Mas dados da própria estatal mostram que a situação só vai melhorar se a produção e a capacidade de refino crescerem no mesmo ritmo que o consumo. A produção é de 850 mil barris diários e o consumo supera 1,5 milhão de barris.

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