São Paulo, sábado, 2 de novembro de 1996 |
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Filme argentino é sucesso e inaugura "evitamania"
RODRIGO BERTOLOTTO
A versão local estreou na semana passada e tem previsão de entrar no mercado brasileiro a partir de dezembro, mês em que o filme de Alan Parker deve chegar às telas. É mais uma interpretação da complexa personalidade de Eva Duarte de Perón, atriz de rádio que foi a segunda mulher do ex-presidente Juan Domingo Perón e tornou-se mito nacional ao morrer de câncer aos 33 anos, em 1952. O filme de Juan Carlos Desanzo se propõe a fazer um retrato mais fiel da líder carísmatica e intempestiva, fugindo da caracterização feita pela ópera-rock "Evita", na qual se baseia a superprodução dirigida pelo inglês Parker. Mas é só mais uma versão. O primeiro que se percebe é a falta de extras em um filme que exige uma população deles. A produção contou com apenas 200 figurantes, o que a obrigou a enxertar cenas de público feitas em documentários da época e a manter o zoom em todas as cenas externas. O roteiro de José Pablo Feinmann relata cronologicamente os últimos seis anos de Evita, tempo em que ela era a primeira-dama e comandava a massiva política social do governo peronista. Em cenas de flashback, surgem os episódios marcantes de sua vida: a expulsão do velório de seu pai (morto quando ela era pequena) e a festa em que conheceu o oficial de Exército que se tornaria presidente da nação. Conhecida como a megera das telenovelas argentinas, Esther Goris protagoniza bem a Evita autoritária e vingativa, mas não é convincente quando interpreta a personagem vitimada pela doença, que a afasta da ambição de ser a vice na segunda Presidência peronista. Goris faz uma Evita desbocada, que não poupa palavrões para opositores, socialites, sindicalistas, auxiliares e até para seu marido. Porém, por vezes, o filme perde sua dramaticidade pela ênfase histórica, com diálogos entre políticos e militares conhecidos dos argentinos, mas sem a expressão mundial da personagem principal. Além de estar em voga pelo sucesso de bilheteria, o filme de Desanzo também apareceu nas páginas policiais da imprensa, já que todo o figurino, que incluía casacos de pele e jóias, foi roubado da produtora nesta semana. Texto Anterior: Cineastas esboçam reação anticorporativa no festival Próximo Texto: Ruiz e Doillon vencem prêmio da crítica Índice |
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