São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Erundina leva para debate o acidente com avião; Pitta condena uso 'político'

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

A candidata do PT à prefeitura paulistana, Luiza Erundina, introduziu o acidente de quinta-feira com um avião da TAM como tema da campanha eleitoral, durante o debate com Celso Pitta (PPB) na noite de sexta-feira.
Erundina questionou o fato de o prefeito Paulo Maluf, padrinho da candidatura Pitta, ter supostamente se reunido em janeiro com o presidente da Infraero para discutir a ampliação do aeroporto de Congonhas, inclusive com a construção de viadutos para facilitar o acesso a ele.
No dia do acidente, Maluf, ao contrário dessa suposta intenção, pregou reavaliação do uso de Congonhas. Pitta limitou-se a defender a tese de "repensar o aeroporto de Congonhas" e criticou o fato de Erundina levantar o tema. "Não devemos nos utilizar dessa comoção (causada pelo acidente) com propósitos político-partidários."
A discussão em torno de Congonhas surgiu durante o debate promovido pela TV Cultura e pela Folha, levado ao ar ao vivo das 21h às 22h15 de sexta-feira.
Protesto
O jornalista Fernando Canzian, editor do caderno Brasil da Folha, protestou, antes de fazer a sua pergunta, contra a assessoria de Pitta, que impusera restrições à participação dos jornalistas.
Para Canzian, falando em nome da Folha, a limitação "restringe a qualidade deste debate".
Erundina insistiu no "compare", mote de sua campanha no segundo turno, na tentativa de mostrar que ela, ao contrário de Pitta, "tem uma história na cidade".
Pitta apresentou-se insistentemente como o continuador da gestão Maluf, do qual se disse "grande admirador" e sobre cuja gestão não tinha restrição alguma.
Foi em resposta a uma das perguntas de Erundina, que chamou Maluf de "patrão" de Pitta.
Pergunta de conteúdo similar foi feita por Canzian, que quis saber se não é difícil para Pitta responder à crítica dos adversários de que é um "candidato fantoche".
Pitta, pela primeira vez no programa, foi áspero, ao considerar a pergunta "desnecessariamente agressiva". Após o debate, voltou a se mostrar incomodado, dessa vez com a pergunta de um repórter da TV Cultura, que quis saber se ele mostraria os contracheques dos gerentes do PAS (Plano de Atendimento à Saúde), que, segundo Erundina, ganham até R$ 40 mil.
Não deu resposta, alegando que tais informações são da secretaria da Saúde, mas aproveitou para repetir o mote da propaganda do PAS: "Saúde é cara".
Pitta procurou pôr destaque, nas perguntas a Erundina, na suposta má gestão da petista na prefeitura (88-92), inclusive criticando a ênfase social com que ela se apresenta. Pitta afirmou que, para Erundina, "ser social é dar uma sopinha ao carente no final da tarde".
Erundina insistiu, por sua vez, em pedir esclarecimentos sobre a operação com títulos municipais na gestão Pitta à frente da secretaria de Finanças, que teria dado prejuízo de R$ 1,7 milhão à prefeitura. Nem o fato de o Tribunal de Contas do Município ter endossado a operação satisfez a petista, para quem é o Banco Central que deve julgar tais procedimentos.

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