São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
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Para tucano, FHC é decepção; pefelista diz que reeleição é "santo casuísmo"

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

O governo do presidente Fernando Henrique Cardoso foi o principal assunto do debate entre o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PSDB) e o prefeito Cesar Maia (PFL), promovido na manhã de ontem pela rádio CBN. Enquanto o tucano atacou FHC, o pefelista defendeu a reeleição como um "santo casuísmo".
Ciro afirmou que o governo FHC é uma grande decepção. "O Brasil não suporta enfrentar falências e concordatas, desemprego, queda do salário real, desindustrialização do país, colapso na agricultura, definhamento na infra-estrutura do Estado, colapso no serviço público", afirmou.
Ciro está no Rio para ajudar os tucanos, cujo candidato, Sergio Cabral Filho, está em segundo nas pesquisas. O candidato do PFL é Luiz Paulo Conde.
Preocupado em mostrar ligações com o Plano Real maiores que as do adversário, Maia afirmou que o PFL está alinhado com Fernando Henrique e com o Plano Real.
Em resposta, Ciro deu uma nota de R$ 1 de presente ao prefeito carioca, para que ele, segundo o ex-ministro, visse nela a sua assinatura como ministro da Fazenda. "Não tenho nada contra o Real", disse ele, que acusou Maia de ter aumentado a dívida da prefeitura de R$ 615 milhões para R$ 2 bilhões.
A administração FHC voltou ao debate quando se falou de reeleição. Ciro Gomes considerou "uma imprudência" desencadear o tema antes de concluir as reformas. Já Maia disse que, se lhe perguntassem se não seria um casuísmo destinado a reeleger FHC, responderia: "Santo casuísmo".
A administração de Ciro como governador do Ceará (1990-1994) foi duramente criticada por Maia. Citando textos da Folha, o prefeito acusou o ex-governador de irregularidades no Canal do Trabalhador -obra para levar água a Fortaleza, já desativada.
Ciro alegou que a obra foi uma emergência para enfrentar seca de três anos e não foi irregular.
Maia criticou Ciro devido ao aumento de casos de cólera e dengue no Ceará em seu governo. "O PFL dos coronéis dominou a política do Ceará por 20 anos, sem fazer um metro de saneamento", respondeu o ex-ministro. À saída do debate, Maia tomou em um bar um cafezinho pago com o real que Ciro lhe deu.

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