São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente não apoiou ministro

SÔNIA MOSSRI; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Adib Jatene (Saúde) não teve apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso para obter R$ 1,6 bilhão necessário para pagar as contas do SUS (Sistema Único de Saúde) no último trimestre do ano.
FHC apoiou a exigência do ministro Antonio Kandir (Planejamento) de condicionar a liberação de mais recursos para o SUS ao corte de verbas para áreas como vacinas, controle de endemias e programas de saneamento básico.
Jatene queria usar verbas do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal) para cobrir esses gastos.
O Orçamento de 96 permite o uso do FEF para pagar despesas que seriam cobertas pela CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
O Planejamento alega que não há disponibilidade de verbas porque terá que autorizar a liberação de mais de R$ 1 bilhão para que o Ministério da Previdência pague em dia os benefícios e pensões.
Divergência
Desde o início do ano, os ministérios da Saúde e do Planejamento não se entendem sobre o volume de verbas suficientes para manter o SUS e as atividades básicas de vigilância sanitária e saneamento.
Os atritos aumentaram com as discussões para compensar a perda de R$ 6 bilhões no Orçamento de 96 da CPMF -a contribuição somente começará a ser cobrada em janeiro de 97.
O Ministério do Planejamento afirma que Jatene teria condições de pagar o SUS em dia caso optasse por cortar verbas de outros programas. A equipe de Jatene considera que isso paralisaria a vigilância sanitária no país.
Kandir afirmou que o Planejamento não tem um "contencioso" com o Ministério da Saúde. Oficialmente, a assessoria do ministro disse que não propôs cortes em projetos de Jatene.
Remanejamento
A Secretaria de Orçamento e Finanças, vinculada ao Ministério do Planejamento, avalia que a equipe de Jatene teria condições de remanejar verbas de projetos para outros mais prioritários.
Já a Saúde alega que acumula mais de R$ 700 milhões em débitos com o SUS desde o ano passado.
A Ceme (Central de Medicamentos) e FNS (Fundação Nacional de Saúde) estão devendo mais de R$ 200 milhões a fornecedores.
(SÔNIA MOSSRI e FERNANDO RODRIGUES)

Texto Anterior: Ministro nega pedido a FHC
Próximo Texto: Votação de emenda acaba em tumulto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.