São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996 |
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FHC quer proibir celulares em aviões MARTA SALOMON* MARTA SALOMON; WILLIAM FRANÇA
O presidente Fernando Henrique Cardoso quer proibir os telefones celulares em aviões. A medida pode ser posta em prática por meio de portaria do DAC (Departamento de Avião Civil), do Ministério da Aeronáutica. A interferência de um celular é uma das hipóteses para explicar a queda do Fokker-100 da TAM, que matou 98 pessoas na última quinta em São Paulo, logo após a decolagem no aeroporto de Congonhas. Um sinal de celular teria acionado o reverso (mecanismo que ajuda a frear o avião) da turbina direita do Fokker, provocando o desequilíbrio e a queda do aparelho. O sinal de um celular também é a causa apontada para a queda de um Boeing da Lauda Air, em 95. Diante da dúvida, FHC estimula o veto radical ao porte dos celulares e outros aparelhos eletrônicos. A eles, seria dado o mesmo tratamento já dispensado hoje a armas, que não podem ser transportadas pelos passageiros. Os aparelhos seriam recolhidos no início da viagem pela companhia aérea e só seriam devolvidos depois da aterrissagem. A iniciativa do presidente foi objeto de uma conversa informal no domingo à noite no Palácio da Alvorada. Ontem mesmo, FHC pediria providências ao ministro Lélio Viana Lôbo (Aeronáutica). A idéia tem como precedente o acidente com um Boeing da Varig em 1973, próximo ao aeroporto de Orly, em Paris -o maior já ocorrido com um avião brasileiro. A maior parte dos passageiros morreu intoxicada depois de um incêndio que começou no banheiro do avião. Desde então, foi proibido o fumo dentro dos banheiros dos aviões em todo o mundo. Atualmente, a tripulação dos aviões comerciais recomenda que os celulares sejam desligados durante a decolagem e o pouso. Mas muitos passageiros resistem. A primeira-dama, Ruth Cardoso, contou que já presenciou a teimosia de um passageiro na primeira classe de um vôo internacional. O chefe de gabinete do Ministério da Justiça, José Gregori, afirmou que já se esqueceu de desligar seu celular. "Só percebi que estava ligado quando cheguei a São Paulo", disse. "Isso é normal." Desde o dia do acidente, FHC vem acompanhando as investigações. Além de recomendar a apuração de responsabilidades, FHC determinou a adoção de medidas para evitar futuros acidentes. O próprio FHC não dispensou os celulares no principal avião que serve à Presidência. Na recente reforma pela qual passou, foram instalados seis celulares na cabine. Texto Anterior: Assinante se queixa de cobranças Próximo Texto: 8 corpos ainda não foram reconhecidos Índice |
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