São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
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Frango do Brasil conquista o exterior

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil vai bater recorde na venda de frango no mercado internacional neste ano e com isso retomar a posição de segundo maior exportador mundial dessa carne.
A previsão da indústria é fechar 1996 com venda de cerca de 550 mil toneladas, 28,2% maior do que a do ano passado, de 428,9 mil toneladas.
Isso significa uma receita de aproximadamente US$ 800 milhões, 25,6% maior do que a do ano passado (US$ 636,6 milhões).
O maior exportador mundial de frango são os Estados Unidos, que devem embarcar cerca de 1,4 milhão de toneladas de frango em 1996.
Com o desempenho deste ano, o Brasil passa na frente da França, que espera exportar cerca de 500 mil toneladas dessa carne em 96.
A quarta posição fica com Hong Kong, com a venda de 460 mil toneladas de frango no mercado internacional, em 1996.
A estabilização do consumo de frango no mercado brasileiro em 1995 e em 1996 -em torno de 23 quilos por habitante por ano- levou a indústria a buscar o aumento das exportações.
Foram conquistados novos mercados, como Rússia, Irã e Cuba, entre outros. Além disso, tradicionais clientes do Brasil -como países da Europa- aumentaram o consumo dessa carne por conta da doença da "vaca louca" que afetou o gado.
"A indústria de frango teve de adequar a oferta à demanda no mercado interno e aproveitou para recuperar posição de segundo maior exportador mundial perdida em 1995", diz Cláudio Martins, diretor-executivo da Abef (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango).
Empresas
A Perdigão e a Ceval são dois exemplos. A Perdigão prevê para este ano exportação recorde de 135 mil toneladas de frango, 22,7% mais do que no ano passado (110 mil toneladas).
João Rozário, vice-presidente comercial, diz que os novos mercados da empresa são Rússia, Argentina, Paraguai e Uruguai.
"Fora isso, a Europa e o Oriente Médio estão comprando mais frango neste ano porque temem a doença da 'vaca louca'."
A exportação de frango da Perdigão deve garantir à empresa receita de aproximadamente US$ 250 milhões neste ano. Em 95, esse número foi de US$ 210 milhões.
Para a Ceval, a exportação de frango neste ano cresce 80,3% sobre a do ano passado -de 61 mil toneladas para 110 mil toneladas.
Sérgio Waldrich, diretor da divisão de carnes, diz que a conquista da Rússia e do Irã propiciou aumento nos embarques. Soma-se a isso o aumento de 20% nas exportações para o Japão.
A China, lembra ele, foi proibida de exportar frango para a Europa por causa de problemas sanitários. "E o Brasil pegou parte do mercado chinês."
Waldrich diz que as exportações de frango da Ceval devem gerar receita de US$ 200 milhões neste ano, 80% mais do que as do ano passado (US$ 111 milhões).
Arábia Saudita, Japão, Hong Kong, Espanha, Alemanha e Itália são os principais compradores de frango do Brasil.
José Carlos Teixeira da Silva, diretor-superintendente da Apa (Associação Paulista de Avicultura), diz que a exportação está mais interessante para o Brasil, que aumentou os embarques de produtos com maior valor agregado -como frango em partes.
Nos seus cálculos, o preço médio do frango exportado no ano passado girava em torno de US$ 1,22 o quilo. Neste ano, está em torno de US$ 1,43.
Segundo ele, a exportação de frangos em pedaços já representa 50% do volume embarcado pelo Brasil. A outra metade é de frango inteiro.
Segundo números da Abef, o preço médio do frango exportado do Brasil aumentou cerca de 7% de 1995 para este ano -de US$ 1,45 o quilo para US$ 1,55 o quilo.
A produção de pintos neste ano deve ser da ordem de 2,58 bilhões de cabeças, praticamente a mesma do ano passado (de 2,53 bilhões), segundo a Apinco (associação brasileira dos produtores).
O reajuste nos preços dos grãos e, consequentemente, das rações, desestimulou o aumento no número de matrizes.

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