São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
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Klein "confessa" autoria em entrevista

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A entrevista com que Joe Klein "confessou" a seus colegas a autoria de "Cores Primárias", em julho, em Nova York, foi tensa e mutuamente agressiva.
Muitos dos presentes se sentiram traídos, porque Klein lhes havia negado várias vezes ser o "Anônimo".
Quando ele revelou que uma das três únicas pessoas que sabiam do segredo era o editor-chefe da revista "Newsweek", Maynard Parker, o clima piorou ainda mais.
A "Newsweek" (circulação de 3,1 milhões de cópias semanais) publicara reportagens a respeito do livro, com diversas especulações sobre os possíveis autores, entre eles pelo menos um colega de Klein na própria revista, Mark Miller. Para muita gente, o cinismo passara dos limites.
Ao negar em fevereiro ao jornal "The Washington Post" ser o autor de "Primary Colors", Klein deu como garantia da palavra a sua "credibilidade de jornalista".
Na entrevista, voltou a falar em sua credibilidade, dizendo que "ela nunca será questionada", ao que um dos repórteres presentes respondeu: "Ela está sendo agora".
Klein, que usara como álibi o fato de trabalhar demais na "Newsweek" e na rede CBS, foi despedido da rede de TV e suspenso na revista.
No mês que vem, ele assume a coluna de Washington da revista "New Yorker", que já foi a mais sofisticada do país e ultimamente anda sendo acusada de falta de ética. "New Yorker", por sinal, é dirigida por Tina Brown, que é casada com Harry Evans, presidente da Random House, a editora de Klein. O casal está na mira dos mais conservadores por ter "baixado o nível" de duas instituições da intelectualidade local.
Joe Klein, que não respondeu às diversas mensagens deixadas pela Folha em sua secretária eletrônica com pedidos de entrevista, disse aos poucos amigos jornalistas que lhe restaram ter passado por período de "grande depressão" devido à rejeição dos colegas.
Agora, parece ter se conformado com a idéia de que a reação foi apenas sintoma de inveja e resolvido consolar-se com os mais de US$ 3 milhões ganhos neste ano com o livro. Deve ter razão. Nos dois casos.
(CELS)

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