São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
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Presidente demite Benazir e coloca tropas nas ruas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A primeira-ministra do Paquistão, Benazir Bhutto, foi demitida pelo presidente Faruq Ahmed Leghari. O Parlamento foi dissolvido, e há tropas nas ruas.
A agência oficial de notícias do país, "APP", disse que Leghari promete realizar novas eleições em 90 dias. Tropas cercaram a residência oficial do premiê, em Islamabad (capital), e todas as emissoras de rádio e TV. Os aeroportos foram fechados.
Um ex-presidente do Parlamento, Meraj Khalid, é o premiê-interino. Benazir era acusada de corrupção e incompetência para lidar com os problemas nacionais.
Na semana passada, militantes de direita haviam cercado a capital para forçar a renúncia ou demissão da primeira-ministra.
Há informações de que o marido dela, Asif Ali Zardari, teria sido preso em Lahore, um das principais cidades, no nordeste do país. O paradeiro de Benazir é desconhecido, mas um correspondente da emissora britânica BBC disse que ela estava dentro da residência oficial, sem estar detida. O jornalista analisou a situação como "um golpe constitucional".
Telefones celulares foram desligados, e caminhões militares tomaram posição em Islamabad.
"Estou convencido de que a situação chegou a um ponto em que o governo não pode mais seguir as diretrizes constitucionais e um apelo ao eleitorado é necessário", disse um comunicado do governo.
Foi a segunda vez que Benazir Bhutto foi demitida do cargo de premiê. Em 1990, ela também deixou o governo abruptamente, após governar por 20 meses.
Benazir, 43, recuperou o poder em 1993, por meio das eleições, mas vinha sendo criticada pela oposição por não ser capaz de resolver os conflitos entre os vários grupos étnicos e religiosos do país. No exterior, ela é considerada uma conciliadora.
Benazir Bhutto, mãe de três filhos, se tornou líder do Partido do Povo do Paquistão (PPP) após a execução de seu pai, Zulfikar Ali Bhutto, em 1979.
Em seus quase 50 anos de independência em relação ao Reino Unido, o Paquistão passou a maior parte do tempo sob regimes militares ou crises democráticas agudas.

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