São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Nem um ET abriria o reverso com ondas'

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério da Aeronáutica informou ontem que interferências provocadas por aparelhos eletrônicos não afetam o sistema de reverso (espécie de freio aerodinâmido da turbina) de um avião.
Uma falha nesse sistema é a causa mais provável do acidente com o Fokker-100 da TAM, que matou 98 pessoas na semana passada no Jabaquara (zona sul).
O reverso, que só deveria funcionar nos pousos, teria aberto na decolagem. Com isso, o avião perdeu velocidade e ficou sem controle.
Esse sistema funciona por meio de dispositivos elétricos, eletrônicos, mecânicos e hidráulicos. Nenhum desses mecanismos tem componentes eletrônicos que pudessem ser afetados por alguma interferência eletromagnética.
"Não estamos levando em consideração essas hipóteses (interferência de telefone celulares, rádio pirata ou computadores pessoais)", disse o tenente-coronel-aviador Flávio Lucio Sganzerla, do 4º Comando Aéreo Regional.
Esses aparelhos só afetariam o funcionamento do sistema de navegação da aeronave. Mas, segundo a Aeronáutica, a causa do acidente seria mecânica.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) também considera improvável que uma interferência externa tivesse provocado a abertura do reverso do F-100.
"Nem um ET poderia influir com ondas eletromagnéticas na abertura do reverso", disse o coronel-aviador Douglas Ferreira Machado, diretor do Cenipa.
Essa era uma das hipóteses levantadas pela TAM para explicar a queda do F-100.
"Não participo dessa investigação, mas, tecnicamente, é muito difícil acontecer esse tipo de interferência."
Segundo Machado, a interferência de uma rádio pirata é muito perigosa no pouso, mas pouco na decolagem. "Já registramos interferência no aeroporto de Cumbica."
Ainda sobre o reverso, o tenente-coronel Antônio Junqueira, vice-diretor do Cenipa, disse que todo avião que possui esse tipo de freio deve ter algum mecanismo que avise o piloto que ele foi acionado. Ele não soube dizer se o F-100 tem esse mecanismo.
Congonhas
Machado disse que, para a Aeronáutica, o aeroporto de Congonhas está dentro das normas de segurança.
"Mas, se o acidente tivesse ocorrido no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, as consequências seriam menores."
Isso porque, de acordo com ele, a área para a desaceleração dos aviões em Cumbica é maior.

Texto Anterior: Sucesso atinge 30% dos casos
Próximo Texto: Peritos vão unir voz aos dados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.