São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996 |
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SBPC apóia exame do MEC em universidades
PAULO SILVA PINTO
A diretoria da SBPC condicionou sua posição a uma avaliação completa da universidade brasileira. A seguir, entrevista com seu presidente, Sérgio Ferreira, 62. * Folha - Por que a SBPC é a favor do provão? Ferreira - Porque isso pode constituir o início de uma avaliação permanente da universidade. A comunidade acadêmica sempre foi a favor da avaliação da universidade brasileira, não só dos níveis de ensino como também da produtividade científica. No passado, a abertura da discussão da produtividade científica evocou um conjunto de reações a favor e contra, mas ninguém pode negar que teve um valor de estimular a discussão do processo. Folha - O decreto do presidente que estabelece outros critérios além do provão para avaliar as universidades deixa os pesquisadores tranquilos? Ferreira - Ninguém deve ficar muito tranquilo, porque nenhum processo permanente permite que você fique numa posição de não prestar atenção e deixar que os outros decidam por você. Folha - Houve alguma falha na implantação do provão? Os reitores dizem que isso foi pouco discutido. Ferreira - Isso é uma característica do nosso tipo de governo. Sempre se discute pouco e se imprime a visão. O nosso problema maior é que o provão não contempla a complexidade e heterogeneidade do ensino superior brasileiro. A prova não deve existir como um impacto promocional, deve ser o início de uma discussão do problema. Folha - Há estudantes contra o provão. Eles são conservadores? Ferreira - Eu acho equivocadas e pouco producentes as posições simplesmente negativistas ou reativas ao exame proposto pelo MEC. Devemos enfrentar a realidade para procurar dentro desse processo as partes positivas. Folha - Por que os reitores são mais conservadores que vocês da SBPC nessa questão? Ferreira - Não sei analisar. Basicamente, o cientista admite o erro como fundamental para compreensão da verdade. Uma das coisas com as quais o cientista trabalha é não ter medo do erro, porque a etapa seguinte é corrigi-lo. Folha - O ministro Paulo Renato Souza (Educação) disse que há mais resistência na universidade pública. O sr. nota isso? Ferreira - Não consigo notar. Acho que, num certo sentido, ela (a avaliação) vai servir tanto para a universidade pública quanto para a privada. À medida que isso não for uma classificação para sempre e não for para definir o orçamento fundamental da universidade, deve ser considerado como ponto de discussão. Folha - Os cientistas, professores e funcionários de universidades têm medo de avaliação? Ferreira - Existe um grande temor de avaliação em geral da universidade, porque sempre é feita com essa espontaneidade de evento. A avaliação da universidade deveria se basear no cumprimento da proposta. Uma das coisas bastante discutíveis é que todas as pessoas dentro de um departamento devam ter a mesma proposta. Isso é um absurdo. Alguns são mais pesquisadores, outros podem estar mais interessados na pós-graduação, outros na graduação. Texto Anterior: Dia é escolhido para não prejudicar aulas Próximo Texto: Unesp começa a escolher reitor hoje Índice |
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