São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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Para polícia, reverso da turbina abriu

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Três testemunhas da queda do Fokker foram interrogadas ontem pelo delegado Romeu Tuma Júnior, titular da Delegacia Seccional Sul, que comanda as investigações.
Após os depoimentos, o delegado afirmou estar praticamente certo das causas do acidente: "Não tenho mais dúvidas de que o reverso da turbina abriu".
O primeiro depoimento foi o do mecânico Antônio de Souza Bueno, que trabalha no hangar da Líder Táxi Aéreo em Congonhas.
Bueno confirmou ao delegado o que já havia dito aos jornalistas: ele viu o reverso da turbina abrir e fechar quatro vezes antes da queda do avião.
Tuma Júnior avaliou que o depoimento de Bueno foi o mais importante dos nove que tomou desde o início das investigações.
"Por trabalhar como mecânico de turbinas, ele tem muitos conhecimentos técnicos", afirmou o delegado. "E isto é raro em acidentes aéreos, já que normalmente as testemunhas não entendem nada de aviação."
Bueno não quis dar declarações após o depoimento. "Já disse tudo o que tinha a dizer à imprensa e à polícia. A partir de agora, não falo mais nada."
Segundo Tuma Júnior, o mecânico está com medo de sofrer ameaças.
Os outros depoimentos de ontem foram de duas funcionárias do setor de cobranças da TAM: Gerlane Nascimento Santos e Marli Regina Oliveira Amaral.
Elas estavam na sacada do escritório da empresa e viram a queda do avião.
Perito O perito criminal Antonio Carlos de Moraes, que comanda a perícia do acidente, já chegou à mesma conclusão de Tuma Júnior.
"A perícia já descartou qualquer possibilidade de imperícia. Com certeza, houve falha mecânica, mais provavelmente a abertura do reverso."
Tuma Júnior tem 30 dias de prazo para concluir o inquérito. Mas ele deve pedir ao Ministério Público para prorrogar o prazo por mais 30 dias. Ele precisa juntar ao inquérito os laudos da perícia e da Aeronáutica e enviá-lo ao Ministério Público, que decide se leva os culpados a julgamento.
Hoje, duas testemunhas serão ouvidas hoje por Tuma Júnior: o piloto de helicóptero Ronaldo Carvalho, que sobrevoou o local pouco após o acidente, e um mecânico que não teve seu nome revelado.
O promotor Mário Luiz Sarubbo, do Ministério Público, afirmou que, dependendo das conclusões do inquérito, pode indiciar os supostos culpados pelo acidente por negligência, homicídio doloso ou homicídio culposo.

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