São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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Múltis poderão vender ações no Brasil

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas estrangeiras poderão, a partir de agora, ter ações negociadas nas Bolsas brasileiras.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autarquia federal que regulamenta o mercado de capitais, criou os certificados de depósitos em valores mobiliários.
Chamados de BDRs (sigla, em inglês, de "Brazilian Depositary Receipts"), esses certificados serão a versão nacional dos ADRs e dos GDRs, instrumentos que permitem a negociação de ações de empresas estrangeiras (inclusive brasileiras) nos Estados Unidos e na Europa, respectivamente.
Segundo a Bolsa de Valores de São Paulo, pelo menos 41 empresas do país já têm ADRs.
"Nossas empresas já podem captar recursos ou vender ações existentes lá fora. É justo que as multinacionais possam fazer o mesmo no Brasil", disse Fábio Menkes, gerente de desenvolvimento de regulação da CVM.
Segundo ele, a CVM já foi procurada por empresas estrangeiras que têm filiais de capital fechado (sem ações em Bolsa) no Brasil, mas que são abertas em seus países de origem. Elas gostariam de distribuir ações aos seus funcionários brasileiros sem precisar abrir seu capital no país.
Agora, com os BDRs, elas poderão fazê-lo. O instrumento funciona como uma espécie de recibo de ações, negociado no mercado organizado (Bolsas) ou no informal (balcão). As ações representadas pelo certificado ficam custodiadas (guardadas) no país de origem.
"Muitas multinacionais estatais foram privatizadas, e seus funcionários puderam virar acionistas. Agora, os empregados das subsidiárias de empresas privatizadas poderão receber e negociar suas ações no Brasil", afirmou Menkes.
Companhias que queiram levantar novo capital ou simplesmente negociar seus papéis existentes nas Bolsas brasileiras também serão contempladas pelos BDRs. Eles sofrerão a mesma tributação das ações locais -alíquota de 10% sobre o ganho de capital.
O presidente em exercício da Bovespa, Raimundo Magliano Filho, acha que há demanda no mercado por papéis estrangeiros, principalmente por parte de fundos de investimento e entidades de previdência privada.
"Até o final do ano devem surgir os primeiros BDRs. Nossas corretoras e bancos de investimentos são muito rápidos e têm interesse em trazer novos papéis ao mercado, já que muitas ações brasileiras migraram para os Estados Unidos", disse Magliano.

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