São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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Shopping Matarazzo vai ser leiloado neste mês

MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

O Shopping Center Matarazzo, localizado na Pompéia, bairro da zona oeste de São Paulo, será leiloado nos próximos dias 20 de novembro e 3 de dezembro para pagamento de uma dívida de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) avaliada em R$ 45 milhões.
O shopping tem 180 lojas e pertence ao grupo de empresas da família Matarazzo, que se encontra em delicada situação financeira.
O leilão foi determinado pelo setor de execuções fiscais de São Paulo, que há mais de 15 anos tenta cobrar o ICMS de empresas do grupo.
A dívida tributária dos Matarazzo com o Estado começou em 1980.
Naquele ano, a Plastivil Resinas Polivinílicas, empresa do grupo, deixou de pagar US$ 1 milhão em ICMS. Nos anos seguintes, outras companhias também passaram a acumular débitos tributários com o Estado.
Grampeadores de papel
No ano passado, o grupo ofereceu bens -entre os quais grampeadores de papel- para quitar sua dívida de ICMS.
O Estado os rejeitou, alegando que não cobriam o valor da dívida, e pediu o leilão do shopping, um dos maiores imóveis que restaram ao grupo e um dos raros ainda não comprometidos com outros credores. O shopping está avaliado em R$ 41,3 milhões.
Em fevereiro passado, a Justiça concordou com os procuradores do Estado e designou um leilão para a venda do imóvel, que tem 18 mil metros quadrados de área para locação.
O leilão foi suspenso no Tribunal de Justiça por um recurso judicial movido pela holding do grupo, a Indústrias Reunidas Matarazzo.
O Estado recorreu ao Superior Tribunal de Justiça e conseguiu suspender a decisão que favorecia o grupo. Com essa última decisão, o leilão pôde ser marcado.
Declínio
Procurado pela Folha até as 18h de ontem, o diretor-geral do grupo Matarazzo, Hamilton Gomes de Oliveira, não ligou de volta.
As indústrias da família Matarazzo foram precursoras da industrialização no Brasil. O declínio financeiro do grupo começou com a morte do conde Francisco Matarazzo 2º, em 1977, e com a ascensão de sua filha Maria Pia ao comando do conglomerado.
O BB (Banco do Brasil) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) são os maiores credores dos Matarazzo. O grupo deve ao BB aproximadamente R$ 100 milhões. O débito com o BNDES chega a R$ 120 milhões.

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