São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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Metalúrgicos antecipam greve na Ford

DA REPORTAGEM LOCAL

Os trabalhadores da fábrica de caminhões da Ford no Ipiranga, zona sul de São Paulo, resolveram antecipar para ontem o início da greve dos metalúrgicos marcada para hoje.
Cerca de 2.500 funcionários da empresa decidiram, em assembléia, rejeitar a proposta das montadoras feita na segunda-feira, que incluía abono de 9,6% sobre os salários de novembro e de dezembro e do 13º.
Pela proposta, os 9,6% seriam incorporados aos salários em duas parcelas de 4,69%, pagas em janeiro e julho do ano que vem.
Ontem, montadoras e metalúrgicos voltaram a se reunir na sede da Anfavea (associação das montadoras). Até o fechamento desta edição, a reunião não havia acabado.
Os fabricantes de veículos foram o único setor a fazer novas propostas na última semana de negociações com os metalúrgicos. Os outros setores mantiveram propostas anteriores.
O Sindipeças (que representa o setor de autopeças), por exemplo, manteve a promessa de garantia de emprego por 90 dias no lugar de reajuste salarial.
Segundo o coordenador das negociações do Sindipeças, Dráuzio Rangel, o setor não tem condições de oferecer reajuste salarial aos trabalhadores.
"Seria o reajuste em troca de algum outro benefício", disse.
O setor de esquadrias metálicas ofereceu 10% de participação nos resultados, a ser paga em novembro de 97.
"Canguru"
Ontem, a comissão de mobilização do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC também se reuniu para discutir a estratégia do movimento na região, caso a greve fosse decretada.
Os metalúrgicos do ABC devem optar por uma greve no estilo "pipoca", parando uma empresa a cada dia. A idéia é intensificar o movimento nas montadoras.
Em São Paulo, o sindicato optou pela greve "canguru".
Hoje, param os metalúrgicos das zonas oeste e sul. Segundo o sindicato, são 170 mil trabalhadores nas duas regiões.
Amanhã, a paralisação acontece nas zonas norte e leste, que concentram cerca de 150 mil metalúrgicos. Cada região pararia um dia.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, essa estratégia foi adotada como forma de suportar uma greve de longa duração.

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