São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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Dole canta e dança no dia da votação

Candidato espera resultado em casa

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Bob Dole, 73, cantou rock e dançou charleston em público no último dia de sua campanha para a Presidência dos EUA. Foi mais do que qualquer um jamais poderia imaginar assistir desse político reservado e tímido.
A exaustão provocada pela sua maratona de 96 horas, durante as quais viajou 16,9 mil km e fez 29 comícios em 20 dos 50 Estados do país, talvez lhe tenha provocado um estado de euforia que alterou seu comportamento.
Depois de votar, com a mulher, Elizabeth, e a filha, Robin, numa igreja na sua cidade natal de Russell, Kansas (Meio-Oeste), Dole continuou a tentar demonstrar otimismo: "Estou pronto para a festa da vitória". E embarcou para Washington, onde iria esperar os resultados da eleição em casa, um apartamento no edifício Watergate, à beira do rio Potomac: "Nem posso acreditar que amanhã não terei de fazer a mala".
O último grande comício da campanha de Dole aconteceu às 4h de ontem (8h em Brasília), em Independence, Missouri, também no Meio-Oeste, em frente a uma estátua de Harry Truman, o 33º presidente dos EUA.
Embora do Partido Democrata, Truman se transformou no símbolo da campanha de Dole por ser o único candidato da história a contrariar as previsões das pesquisas.
Em 1948, tido como derrotado nas pesquisas, Truman se elegeu com mais da metade dos votos. Dole esperava o mesmo.
Mas, mesmo no caso de Truman, a diferença que o separava do favorito Thomas Dewey nas últimas pesquisas era de cinco pontos percentuais. Dole estava atrás de Clinton por pelo menos sete pontos percentuais anteontem e ontem.
Depois de Independence, ele ainda foi para Kansas City, para falar num boliche, onde o senador John McCain o saudou como um "herói do país" e, de lá, para Russell, onde praticamente toda a cidade o aguardava para uma grande homenagem pública.
Há 20 anos, Dole recebeu o mesmo tipo de honras em Russell, quando era candidato à Vice-Presidência, na chapa de Gerald Ford. Perdeu. Tentou ser o candidato do Partido Republicano à Presidência em 1980 e 1988. Perdeu para Ronald Reagan e George Bush. Tentou de novo em 1996. Ganhou.
Mas seu grande sonho de se tornar o último veterano da Segunda Guerra Mundial a presidir os EUA provavelmente não se realizará.
Mesmo a tradição estava contra Dole: nenhum dos cinco líderes republicanos no Senado que concorreram à Presidência venceu. Só um candidato derrotado à Vice-Presidência conseguiu depois se eleger presidente: Franklin Roosevelt, companheiro de chapa de James Cox em 1920. Ele perdeu para Warren Hardin e Calvin Coolidge, e se elegeu em 1932.
(CELS)

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