São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
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Clinton faz elogios ao Congresso de oposição

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, retornou ontem a Washington após ter comemorado sua reeleição em seu Estado natal (Arkansas), sul do país, e deu início à sua segunda administração com elogios ao Congresso e consultas para a reforma do ministério.
Ele não conseguiu, mais uma vez, a maioria dos votos populares. Em 1992, foi eleito com o apoio de 43% dos norte-americanos que votaram. Agora, reelegeu-se com 49,2% (Bob Dole teve 40,8%, Ross Perot, 8,5%, Ralph Nader e Harry Browne, 1% cada).
É a primeira vez desde Woodrow Wilson (em 1912 e 1916) que um presidente se elege duas vezes sem a maioria dos votos. No Colégio Eleitoral, Clinton teve nove votos a mais do que conseguira em 1992; Dole, nove a menos do que George Bush há quatro anos. O resultado final foi é 397 a 159.
Como a abstenção foi de 51% (a mais alta desde 1924), isso significa que menos de um quarto dos adultos norte-americanos quiseram que Clinton fosse o presidente do país na virada do século.
O Congresso permanece sob o controle da oposição. Sua maioria no Senado aumentou: de 53 a 47 para 55 a 45. Na Câmara, diminuiu: de 235 a 197 para 227 a 207 (sujeito a confirmação, porque algumas apurações ainda não haviam terminado ontem).
Mulheres, negros e hispânicos elegeram Clinton. Entre os homens, de acordo com as pesquisas de boca-de-urna, Dole e Clinton empataram com 44% cada. Entre homens brancos, Dole venceu por 48% a 38%. Entre homens e mulheres brancos, ele ganhou por 45% a 44%. Mas, entre mulheres, Clinton venceu por 54% a 37%; entre negros, por 84% a 12%, e, entre hispânicos, por 73% a 20%.
O candidato do Partido da Reforma, Ross Perot, mais uma vez ajudou a eleger Clinton. Se os 8,5% dos eleitores que o preferiram tivessem votado em Dole, o republicano teria tido a maioria. Dole pediu o apoio de Perot a dez dias da eleição. Perot respondeu que era "um pedido estranho".
Dole admitiu a derrota em discurso em Washington na madrugada de ontem, após ter telefonado a Clinton para cumprimentá-lo.
"Quando acordar amanhã, pela primeira vez na minha vida, não terei o que fazer", disse Dole, que ocupou cargos públicos por 45 anos, em tom divertido. Mais sério, reconheceu: "Perder dói".
Clinton comemorou a vitória com um discurso em que fez referências elogiosas ao Congresso controlado pela oposição e disse que a mensagem do eleitorado tinha sido a de que os dois partidos teriam de trabalhar juntos.
Ao chegar a Washington, quatro de seus ministros apresentaram pedidos de demissão. Os substitutos ainda não foram definidos.
Clinton deseja trazer um ou dois republicanos para o governo com o objetivo de amenizar a oposição no Congresso.
Ele toma posse do segundo mandato no dia 20 de janeiro.

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