São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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A graça das regras

JANIO DE FREITAS

Não deu nem para evitar o riso, por ridículo que fosse estar rindo sozinho, ao fazer a repentina constatação de que as regras do próprio provão, de tão desprovidas de sensatez e lucidez, presentearam as universidades e faculdades com um elemento definitivo para contestar qualquer possível avaliação negativa de um curso.
A única exigência em relação ao aluno é de que compareça ao provão, ou o Ministério da Educação cassa-lhe o direito ao diploma, por melhores que tenham sido as suas notas na faculdade. O mau desempenho no provão, mesmo que leve a um zero, não produz efeitos sobre o aluno. Essa inversão obtusa permitirá às faculdades alegar que sua "avaliação" foi invalidada pelo anunciado boicote dos alunos ao provão.
Conhecida, entre outras hostilidades públicas dos alunos ao provão, a campanha pelo comparecimento sem, no entanto, enfrentar a sério as questões, as faculdades já dispõem até de provas materiais, proporcionadas por abundante noticiário, de que os alunos não estarão refletindo o conhecimento adquirido nos cursos.
O campo na reforma
Toda vez que economistas falam no déficit, que o governo não tem conseguido controlar, das exportações em relação às importações, lá vêm as acusações aos carros importados e, por muito favor, agora umas citaçõezinhas ao petróleo.
Os pretensos preocupados não citam a contribuição da antipolítica para a agricultura, com a contenção e os retardamentos do crédito agrícola -como parte da política econômica desde o primeiro momento do atual governo.
Se permitem uma referência na contramão, lá vai: com todo o orgulho dos seus governantes de se referirem ao "país de dimensões continentais", o Brasil está precisando importar este ano 1,7 milhão de toneladas de milho.
Recorde histórico.
Reforma no campo
Coordenador do Movimento dos Sem-Terra, João Pedro Stédile dá uma informação grave: nenhum dos compromissos assumidos por Fernando Henrique Cardoso, na reunião que fez com representantes dos sem-terra, em maio, foi cumprido até hoje.
Grave, mas não surpreendente.

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