São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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Ministro interino trabalha para permanecer no cargo

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu primeiro dia de trabalho, o ministro interino da Saúde, José Carlos Seixas, 58, deixou claro que está em campanha para permanecer definitivamente no cargo.
Ele evitou criticar a equipe econômica e fez questão de mostrar que é diferente de seu antecessor, o cirurgião Adib Jatene.
Seixas fez ainda uma visita de cortesia ao presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), logo pela manhã.
Em seguida, ele participou de almoço com o presidente Fernando Henrique Cardoso no Palácio da Alvorada.
Jatene pediu demissão na terça-feira passada depois de reivindicar -e não conseguir- a liberação de R$ 1,6 bilhão para o ministério até o fim deste ano.
Seu objetivo era recompor as perdas que o ministério teve porque não foi cobrada a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) em 96.
Perguntado se considerava o pleito justo, Seixas, que até terça-feira era secretário-executivo de Jatene, respondeu que "preferia não comentar o passado".
Também fez questão de dizer que tem afinidade com FHC e seu projeto de governo.
Discurso afinado
"Além de ser da equipe do Jatene, sou parte desse governo, acredito nele e acho que posso ajudar a superar as dificuldades pelas quais ele está passando", disse ontem o ministro interino.
Seixas também adotou o discurso do governo federal de que é preciso melhorar a gestão da rede pública de hospitais antes de reivindicar mais verbas.
"Há dificuldades financeiras graves no Ministério da Saúde. Mas temos que saber o momento oportuno de tratar do assunto, de modo a facilitar a boa administração pública."
Mudança de opinião
No final de setembro, quando Jatene ameaçou pedir demissão pela primeira vez, Seixas havia dito que sairia do ministério junto com o cirurgião.
Na mesma ocasião, o então secretário-executivo do ministério descartou qualquer possibilidade de assumir a pasta, mesmo que interinamente.
Anteontem, durante a emocionada despedida de Jatene dos funcionários do ministério, Seixas mudou de opinião e disse que aceitaria "com prazer" ser efetivado no cargo, se o presidente assim quisesse.
"Só um bobo não aceitaria (ser ministro). E eu não sou bobo", afirmou.
Antes de virar ministro interino, Seixas fazia coro com Jatene nas críticas à falta de sensibilidade da equipe econômica.
Agora, mesmo com a perspectiva de entrar em 97 com uma dívida de R$ 3,7 bilhões, diz que confia em "seu entendimento com o presidente" e que não faltarão vacinas nem medicamentos.
Amizade antiga
Seixas é sanitarista e foi um dos fundadores do PSDB.
Ele tem uma relacionamento estreito com o senador José Serra (PSDB) e o ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil).
Serra e Seixas se conhecem desde a época da universidade, porque ambos participaram de movimentos estudantis.
O novo ministro também foi secretário da Habitação de São Paulo entre 83 e 85, durante o governo de Franco Montoro.

LEIA MAIS sobre o Ministério da Saúde à pág. 3-4.

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