São Paulo, sábado, 9 de novembro de 1996
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Gerente confirma contabilidade paralela

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Os balanços do Banco Nacional tinham números diferentes dos relatórios gerenciais utilizados para planejar a gestão do banco.
Esses relatórios serviam também para determinar os bônus que os diretores recebiam pelo desempenho da empresa.
A informação foi dada pelo ex-gerente de Controladoria do Nacional Mário Sérgio Auler em seu depoimento na Polícia Federal, na quarta-feira, depois que o delegado Galileu Pinheiro lhe mostrou os balanços.
Antes disso, Auler negara conhecer os balanços oficiais do Nacional, mas, ao ser confrontado com eles, disse que os relatórios gerenciais a que tinha acesso apresentavam outros valores.
Auler foi indiciado sob acusação de gestão temerária (gerir empresa com risco de provocar prejuízo a acionistas e correntistas, no caso de instituição financeira) após sete horas de depoimento.
Maquiagem
Ele disse que os relatórios gerenciais foram implantados em 1988, quando o vice-presidente de Operações Arnoldo de Oliveira começou a trabalhar no Nacional.
Até então, toda a gerência era pautada na contabilidade do banco, disse Auler no depoimento. Os créditos fictícios usados para maquiar os balanços, segundo a notícia-crime do BC (Banco Central) enviada à Procuradoria da República, começaram nesse período.
"Só depois da entrada de Arnoldo é que se começou a implantar um processo de informações gerenciais em bases não contábeis", afirmou Auler à polícia.
Ao ser confrontado com os balanços, Auler disse poder afirmar que "os valores inflados nas operações de crédito foram expurgados" dos relatórios gerenciais, conhecidos como SAV (Sistema de Acompanhamento de Vendas).
Auler negou que consolidasse os balanços do Nacional, dizendo que a responsabilidade dessa função era de outro gerente de Controladoria, Nicolau Feijó, também indiciado pelo delegado Pinheiro.
Reuniões
Apesar de afirmar que tinha poucos conhecimentos de contabilidade, Auler sempre participava, junto com Arnoldo de Oliveira, das reuniões trimestrais para conferir se as metas dos relatórios gerenciais estavam sendo atendidas.
Oliveira e Auler se reuniam com os vice-presidentes, controladores financeiros e outros diretores para conferir os relatórios gerenciais das áreas. Ele disse que sua função era apenas de levantar os custos.
Os peritos em informática da PF estão trabalhando desde anteontem no setor de informática do Unibanco para analisar cerca de 1.700 contas correntes do Nacional. Essas contas foram descobertas recentemente e usavam os mesmos procedimentos das 652 contas com créditos fictícios.

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