São Paulo, sábado, 9 de novembro de 1996
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Laudo diz que bactéria não causou mortes

Bactéria matou 1 dos 10 bebês no Huap

DA SUCURSAL DO RIO

A direção do Huap (Hospital Universitário Antônio Pedro), de Niterói (15 km do Rio), afirmou ontem que a infecção por bactérias não foi a causa do óbito de nove dos dez bebês mortos em outubro no berçário do hospital.
No início da semana, o diretor médico do hospital, Marco Antônio de Andrade, havia apontado infecções causadas pelas bactérias klebisiella e pseudomonas como causa das mortes no berçário.
Laudos cadavéricos feitos pelo hospital indicaram a presença da bactéria klebisiella em um bebê. Não foi achada a bactéria pseudomonas em nenhuma vítima.
Divulgadas ontem, as análises feitas pelo serviço de patologia do Huap contradisseram o diretor.
Segundo os laudos, nove bebês morreram por ser prematuros e pela soma de problemas cerebrais, cardíacos, pulmonares, digestivos e ósseos. O bebê infectado por klebisiella era prematuro, pesava 1,77 kg, viveu quatro dias e sofria estreitamento intestinal, má-formação óssea e fenda palatina.
Só um bebê não era prematuro: pesava 3,05 kg e viveu 28 dias. O laudo diz que a morte foi causada por hipertensão intracraniana. A criança nasceu sem cérebro.
A divulgação equivocada de que as mortes foram causadas por infecção indignou o secretário da Saúde de Niterói, Gilson Cantarino, 46. "Por mais que haja desmentidos, Niterói entrará para a história como entraram Caruaru, Santa Genoveva e Boa Vista."
O Huap é o hospital-escola da UFF (Universidade Federal Fluminense). Cantarino disse que fará uma auditoria no Huap, com a participarão de representantes do Ministério da Saúde e da Secretaria da Saúde do Estado.
Vistoria da secretaria municipal identificou falhas de higiene: lixeiras sem tampa, contato direto entre maternidade e UTI, funcionários com mãos sujas.
O diretor médico do Huap se defendeu da acusação de que se precipitara ao anunciar um surto de mortes por infecção. "Em nenhum momento disse que havia esse surto", disse Andrade, que admitiu ter se equivocado.
Andrade disse ontem que a morte dos bebês ocorreu por má-formação fetal. O coordenador de Fiscalização Sanitária do Estado, Mauro Modesto, só falará sobre o assunto na segunda.

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