São Paulo, sábado, 9 de novembro de 1996 |
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Mike Tyson enfrenta o 'bom caráter'
RÉGIS ANDAKU
Mike Tyson, 30, campeão da Associação Mundial de Boxe, coloca seu título em jogo contra Evander Holyfield, 34, ex-campeão mundial, nesta noite, em Las Vegas, Estado de Nevada (EUA). O favoritismo é todo de Tyson, que cresceu em reformatórios para menores delinquentes, perambulou pelas ruas e se meteu em diversas brigas com rivais, mulheres e até consigo mesmo. Azarão, Holyfield, que passou por escolas e igrejas e jamais apareceu em escândalos de capas de jornais, afirma que, se fizer tudo certo, "'Deus' vai ajudar", e ele, Holyfield, vencerá Tyson. Mas o "Deus" do batista Evander Holyfield é um. Do islâmico convertido Mike Tyson é outro. Os apostadores de Las Vegas acreditam no "Deus" de Mike Tyson na proporção de 12 para 1. Ou seja, como todos apostam no campeão, a cada US$ 12,00 apostados, ganha-se US$ 1,00. Luta inédita Tyson e Holyfield deveriam ter lutado em novembro de 91, mas o combate, aguardado como a "luta do fim do século", não aconteceu. Na ocasião, o hoje desafiante era o campeão e havia dedicado seu título às crianças, para mostrar-lhes o que poderiam conseguir se seguissem no "bom caminho". Holyfield havia tirado o cinturão de James Buster Douglas, que, por suz vez, havia sido -e ainda é- o único a derrubar Tyson. Uma suposta lesão, em Tyson, adiou a luta, há cinco anos e um dia. Depois, Holyfield perdeu o título e "saiu de cena". Tyson perdeu uma guerra judicial e "saiu de circulação": ficou 1.095 dias preso, condenado por estupro. Enquanto Tyson se tatuava e se "tornava uma nova pessoa" na cadeia, Holyfield "continuava a mesma pessoa", falando da Bíblia e seus significados. Tyson saiu da prisão depois de cumprir metade da pena. Holyfield foi acometido por supostos problemas cardíacos -não confirmados oficialmente. A maneira como encaram o combate desta noite, é claro, não podia ser diferente. O desafiante acha, mais uma vez citando os livros sagrados, que tudo pode ser como Davi e Golias. Mas não admite ser ser o Davi da história. "Sou Evander." Tyson imagina a luta de uma maneira mais "sádica": "Não há nada que Holyfield possa fazer para me vencer, a menos que cortem os meus braços", afirmou. Se Tyson vencer, continuará sendo difícil ter um autógrafo do campeão. A receptividade nunca foi marca do pesado, desquitado, acusado de espancar a ex-mulher. Caso o campeão seja Holyfield, o autógrafo será mais fácil. Mas ele virá simples, sem dedicatórias. "Penso nos noivos das moças a quem dou autógrafos", diz o solteiro desafiante. Texto Anterior: Atletas pretendem mudar de categoria Próximo Texto: Tyson ganha US$ 30 milhões Índice |
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