São Paulo, sábado, 9 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Liv Ullmann visita a 23ª Bienal de SP

CASSIANO ELEK MACHADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Ela é a melhor coisa da exposição", disse o pesquisador José Maurício Lisboa Lima sobre a atriz e cineasta norueguesa Liv Ullmann, 57, que visitou ontem a 23ª Bienal de São Paulo, no parque Ibirapuera.
Ullmann está no Brasil para promover o seu segundo filme como diretora, "Kristin, Amor e Perdição", e a Mostra de Cinema da Noruega, que começa no dia 15, com 13 filmes, na Cinemateca.
A atriz de filmes como "Persona", dirigido por seu ex-marido Ingmar Bergmann, passeou pela exposição por duas horas e meia.
Ullmann foi guiada pelo crítico de arte, curador e cotado para a direção artística da próxima Bienal, Paulo Herkenhoff, pelo presidente da Cinemateca, Thomas Farkas, e pelo marido, o empresário Donald Saunders.
A visita iniciou pelo terceiro pavimento, espaço que reúne as salas especiais e o Espaço Museológico, setor em que ficam as obras de artistas como Pablo Picasso, Andy Warhol e Edvard Munch. Foi por esse último artista que Ullmann começou a visita.
Autor de uma das pinturas mais famosas da arte moderna, a tela "O Grito", o também norueguês é um dos preferidos da atriz. Apontando para essa tela, Ullmann disse: "Ali dentro tem alguma coisa de mim".
Ullmann disse que Munch é fundamental para a sua obra de cineasta. "Em meu primeiro filme, 'Sofie', usei várias citações de quadros famosos de Munch. Em 'Kristin' trabalhei com as cores que estão em pinturas como 'O Grito"', disse a cineasta.
Depois de completar detalhadamente o circuito do artista norueguês, a atriz visitou os trabalhos do pai do cubismo, Picasso, de Andy Warhol e do cubano Wifredo Lam, que "durante a Segunda Guerra foi ajudado a sair do país pelo instituto do qual participo", disse se referindo ao Comitê de Resgate Internacional.
Enquanto distribuía sorridentemente autógrafos para fãs, como a estudante Wilma Colozzi, que exclamava "não acredito que ela está aqui", Ullmann, estrela de mais de 60 filmes, percorreu, ainda que de forma resumida, os três andares da exposição.
Apesar do calor intenso, que era amplificado pelo fechado pavilhão Ciccillo Matarazzo, a atriz, que andou cerca de três quilômetros, disse que não estava cansada.
Ullmann falou que estava impressionada pelos trabalhos da francesa Louise Bourgeois, pelas obras dos brasileiros Tomie Ohtake e Waltercio Caldas, que achou semelhantes, e pelas peças do anglo-indiano Anish Kapoor.
Também fez pausas demoradas em frente às instalações do japonês Yukinori Yanagi, da colombiana María Teresa Hincapié e de sua conterrânea Marianne Heske, cuja obra está em manutenção.
Depois, subiu para o terceiro andar e olhou rapidamente as gravuras do espanhol Francisco de Goya."Fiquei envergonhada de ver Goya tão rapidamente", disse a atriz que pretende visitar a Bienal mais uma vez antes de voltar para a Noruega, no domingo.

Texto Anterior: 'A Céu Aberto' é radical
Próximo Texto: Piora estado de saúde de Sinatra
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.