São Paulo, sábado, 9 de novembro de 1996
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Marinha derrubou TWA 800, diz jornalista

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A polícia federal (FBI) e a Marinha dos EUA descartaram ontem como "absurdo total" as acusações de que o vôo TWA 800 foi destruído por um míssil disparado acidentalmente por um navio de guerra norte-americano.
O jornalista Pierre Salinger, 71, que foi porta-voz do presidente John Kennedy entre 1961 e 1963 e chefe da sucursal da rede de TV ABC na Europa, disse em Cannes, França, ter documentos para provar que o TWA 800 foi vítima de "fogo amigo" e que o governo dos EUA montou uma operação para ocultar do público esse fato.
Mas ele não deixou os jornalistas que o entrevistavam lerem as duas páginas que, segundo ele, atestam a acusação. O FBI apelou a Salinger para que entregue o documento.
Segundo Salinger, o documento mostra que a Marinha dos EUA estava testando mísseis na costa de Nova York na noite de 17 de julho e que os responsáveis pelos testes haviam sido informados de que todos os aviões na área estariam voando à altitude de 6.400 metros. Quando o TWA 800 explodiu, ele estava a 3.950 metros de altitude.
O FBI repetiu ontem que nenhuma hipótese para a explosão do Boeing-747 está excluída, mas que não há "nem um fragmento de evidência" de que ele tenha sido atingido por um míssil na Marinha dos EUA. A Marinha disse que apenas um avião seu, um P-3 Orion para atacar submarinos, estava na área do acidente em 17 de julho e que a embarcação mais próxima, o USS normandy, um cruzador que carrega mísseis, estava a 310 km do local e não conduzia nenhum tipo de testes.
Salinger, que faz trabalhos eventuais para uma firma de relações públicas de Washington, participava em Cannes de uma conferência sobre problemas de aviação. Primeiro, afirmou que o documento, datado de 22 de agosto, lhe havia sido entregue pelo serviço de inteligência da França, depois que ele estava disponível na Internet desde setembro.
O FBI disse ter visto na Internet carta anônima com a afirmativa de que o TWA 800 havia sido derrubado por um míssil da Marinha dos EUA e não deu importância à alegação por não dispor de nenhuma evidência para corroborá-la.
Desde o início das investigações, testemunhas disseram ter visto no ar pouco antes da explosão alguma espécie de luz que sugeria a possibilidade de um míssil.
Sobre a alegação de Salinger de uma tentativa de o governo norte-americano ocultar informações do público, o diretor do FBI James Kallstrom a classificou de "ultrajante": "Quando nós soubermos o que derrubou o avião, nós diremos ao público; nós não vamos jogar nada para debaixo do tapete".
A explosão matou as 230 pessoas no avião, na rota Nova York-Paris.
(CELS)

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