São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996
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PM reforça policiamento para conter violência entre militantes em Santos

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

A Polícia Militar decidiu antecipar a operação de reforço de policiamento nas ruas de Santos (SP), prevista inicialmente para ser deflagrada apenas no dia da eleição.
A medida foi motivada pelos distúrbios envolvendo militantes das campanhas de Beto Mansur (PPB) e Telma de Souza (PT) na semana passada.
O comandante da PM em Santos, tenente-coronel Oscar Pereira da Silva, disse à Agência Folha que, a partir deste final de semana, todo o efetivo da corporação na cidade (700 homens) será utilizado no policiamento preventivo.
Segundo Silva, esse contingente será reforçado com policiais do CPA (Comando de Policiamento de Área), que atuam em setores administrativos e serão deslocados para as ruas.
A hostilidade entre militantes das duas campanhas culminou em uma pancadaria na noite da última terça-feira, no bairro do Gonzaga.
Pelo menos oito militantes do PPB, dos quais sete mulheres, e dois do PT ficaram feridos.
Reforço policial
Os eventos públicos também serão acompanhados de perto, independentemente de pedido dos coordenadores das campanhas, segundo o tenente-coronel Silva.
Grupos de policiais serão ainda posicionados nos principais cruzamentos da cidade onde há concentração de militantes.
A campanha em Santos transformou-se em um festival de ações judiciais em razão da troca de acusações envolvendo os candidatos.
Telma de Souza afirmou que processará Beto Mansur porque este a acusou de ter empregado o marido e a cunhada na prefeitura.
A petista foi prefeita da cidade entre 89 e 92. Os parentes foram contratados na gestão do atual prefeito, David Capistrano Filho (PT), sucessor de Telma.
Segundo o prefeito, os dois ocuparam cargos de confiança, e as contratações foram legais.
Capistrano também ingressou com representação judicial contra Mansur, que apontou uma dívida de R$ 97 milhões a ser herdada pelo futuro prefeito.
Beto Mansur, por sua vez, afirmou que processará Capistrano porque este se defendeu da acusação utilizando duas páginas inteiras do "D.O. Urgente", o diário oficial do município. "Ele usou dinheiro do município para responder ao que eu falei na TV."
Finanças
O discurso dos candidatos revelou concepções diferentes de administração das finanças públicas.
Telma de Souza defende a rolagem da dívida pública e admite que a prefeitura acumule um "endividamento pagável", se ele for revertido em "benefícios sociais".
Ela compara a situação à de um consumidor que usa cartão de crédito para, por não dispor do dinheiro, compra sem pagar de imediato. Já Mansur criticou a comparação, afirmando que, ao contrário do caso de um consumidor, o dinheiro da prefeitura é público.

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