São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 1996
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Telebrás lucra R$ 2,3 bi e agita mercado

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os analistas de investimento voltaram a reforçar, na semana passada, suas recomendações de compra das ações da Telebrás, empresa-mãe do sistema de telefonia e telecomunicações do país.
Para quem gosta de números, o balanço da empresa explica por que as ações da Telebrás levaram, sozinhas, quase 70% do dinheiro que passou pela maior Bolsa do país, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), no mês passado.
Aos cifrões: até setembro, a Embratel e as operadoras estaduais do sistema Telebrás registraram um lucro líquido (após impostos) de R$ 1,98 bilhão. O resultado da "holding" foi de R$ 2,38 bilhões, 245,8% maior que o de igual período do ano passado.
Isso mesmo: um lucro 245,8% maior! Descontando-se a inflação, o lucro real cresceu à taxa de 204%, basicamente por conta de reajustes tarifários a partir deste ano.
Tal resultado, somado às perspectivas de investimento e crescimento do setor telefônico no país, conferiu às ações da Telebrás uma valorização à altura.
Segundo a Economática, até sexta-feira passada as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) subiram 69,15%. Elas são, de longe, as mais negociadas nas Bolsas.
As ações ordinárias (ON, com direito a voto) subiram, no período, 73,14%. O Ibovespa -que mede a valorização das ações mais procuradas no mercado paulista e tem 43% de sua variação atada à Telebrás PN- alcançou 52,58%.
A maioria dos analistas de investimentos acredita que as ações da Telebrás têm potencial para subir ainda mais no curto prazo.
Pedro Bastos, do Unibanco, aposta que as ações preferenciais têm fôlego para alcançar R$ 100,00 por lote de mil em poucos meses. Na sexta-feira, elas fecharam a R$ 77,70. Nesse caso, o potencial embutido de valorização é de 28,7%.
"O ano de 1997 será muito bom para a empresa, pois as concessionárias estão investindo, enxugando estruturas e se modernizando", diz Bastos.
"Além disso, o monopólio de mercado ainda continuará vivo por mais um ano, pois as companhias privadas só entrarão no sistema de telefonia celular (via concessão) e no convencional (via privatização) a partir de 1998, se tudo correr bem."
Segundo o ministro Sérgio Motta (Comunicações), o Sistema Telebrás irá investir R$ 6 bilhões este ano e outros R$ 7 bilhões em 1997.
O Brasil deverá receber cerca de R$ 40 bilhões em investimentos no setor de telefonia celular até o final de 98 e R$ 80 bilhões até 2003.
A entrada da concorrência privada no celular foi regulamentada na semana passada e a privatização das companhias telefônicas estaduais está em fase adiantada de estudos no governo.
Apesar de todas essas boas notícias para o mercado, as ações da Telebrás ainda estão sendo negociadas com um desconto sobre o valor patrimonial que representam, lembra Bastos.
No caso das PNs, as cotações refletem apenas 87,4% do preço justo. Nas ONs, a relação é de 74,2%. Em linguagem de analista, isso quer dizer alta à vista -sujeita, é claro, aos solavancos de praxe do mercado acionário.
Para Ricardo Gurman, do Banco Patrimônio, as cotações da Telebrás foram contidas por fatores externos, entre eles a preocupação dos investidores com o déficit na balança comercial do país.
Gurmam aposta nos papéis das telefônicas. Ele recomenda a compra de Telebrás, Telesp, Telepar e Telemig PN. No caso de Telerj e Telemig PN, a ordem é esperar.
"Já estão no preço justo", diz.
Além de recomendar as ações da Telebrás, o Unibanco aconselha a compra dos papéis das "teles" de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Quem já tem esta última em carteira poderia aproveitar a excelente valorização neste ano (181,.14%) e trocá-las por ações da Telerj (75,49%), sugere Bastos.

E-mail: papeis@uol.com.br

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