São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 1996
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O Palmeiras só precisa de um sopro de ânimo

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Na quarta-feira, previ aqui mesmo que a casa alviverde estava pra cair. Confesso, porém, que não esperava um desabamento tão estrondoso: duas derrotas em menos de quatro dias, para um time como o Palmeiras, ronda a catástrofe.
É bem verdade que o Palmeiras não está em ruínas. Longe disso. Basta um sopro de ânimo para essa equipe dar a volta por cima rapidamente. Além do mais, mesmo perdendo para a Lusa, no meio da semana, e repetindo a dose no sábado, diante do Criciúma, continua lá no topo da tabela.
Por fim, a volta de Rincón -somada à recuperação de Cafu, Fernando Diniz, Flávio Conceição e, pelo menos, um dos becões (Cláudio ou Sandro)- haverá de restabelecer o alto nível técnico desse time.
Isso, claro, se as cornetas, há tempos silentes, não voltarem a soar no Parque Antarctica.
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Quer dizer então que, no futebol moderno, é impossível jogar com três atacantes? Deixem-me afivelar no rosto um sorriso de Monalisa, enquanto vejo pela TV o São Paulo de Muricy, com Muller, Aristizábal e Valdir, meter 2 a 1 no Grêmio, um dos mais fortes candidatos ao título brasileiro. Sou tentado a dizer que, no futebol, como na vida, nada é impossível. Basta um jeitinho. Mas penso na nossa cartolagem e me contenho, já que é impossível essa cambada dar um jeito na organização do futebol brasileiro.
Mas, lá dentro do campo, dependendo de certas circunstâncias -algumas até aparentemente irrelevantes-, tudo pode ser feito. Sobretudo, atiçar um time ao ataque.
É o que jogador mais gosta: driblar, atacar, fazer gols, correr pra galera e viver aquele breve instante de eternidade.
Mais que princípios, dogmas ou teorias, o que vale é ter a mente aberta e um certo jeito pra coisa. E esses são os atributos de Muricy, que confessou, na véspera, ter passado noite em claro, bolando o esquema que pôs em prática contra o Grêmio, no sábado.
Isso, sim, é teoria posta em prática. Sem frescuras, com o perdão da palavra.
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A reestréia de Neto no Corinthians, na régua e compasso, resumiu-se a dois ou três daqueles cruzamentos em que ele injeta veneno letal na bola. Nem se poderia esperar mais do que isso.
Mas compare o porte desse time no primeiro tempo e no segundo.
No primeiro, com Neto parado lá na frente, dominou o hábil e combativo Sport em seu próprio campo. No segundo, foi aquele nhenhenhém.
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O saudoso Kid Jofre, pai do nosso Galo de Ouro, costumava dizer que o verdadeiro campeão tem a alma em forma de cabide: mesmo nocauteado, permanece em pé.
E foi um verdadeiro campeão que, de pé, mesmo nocauteado, entregou o cinturão dos pesados a Holyfield, no mais digno e emocionante combate pelo título máximo desde os tempos de Ali, Frazier e Foreman.
É bem verdade que Holyfield usou a cabeça em todos os sentidos, para arrancar de Tyson uma vitória surpreendente.
Mão foi por só isso que venceu. Holyfield venceu, sobretudo, porque não teve medo.

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